January 01, 2022

Putin em fim de tempo





Mikhail Khodorkovsky - twitter.com/mich

O que quer Putin? Putin cometeu uma série de erros e agora está a ver se desfaz alguns deles com demonstrações de força.

Putin invadiu a Crimeia e depois para a segurar teve que avançar para dentro da Ucrânia e cavar um corredor que funciona como uma espécie de fosso de castelo medieval.

Porque é que Putin invadiu a Crimeia? Estava no auge da sua arrogância e da política de vingança contra os desaforos -que os houve- do Ocidente. 
Porém não planeou bem as coisas: a Ucrânia, que até então tinha um vago interesse em aderir à NATO e à UE, em grande parte porque não queria animosidade com a Rússia, foi tomada por uma onda de patriotismo -a maioria da população agora quer a adesão à NATO e mesmo à UE e as tropas ucranianas aumentaram, fortaleceram-se a não dão tréguas aos russos. 

Putin enfrenta uma onda de impopularidade interna e como ex-KGB que é, só conhece a reacção pela força e entrou na repressão explícita e agressiva: já não envenena às escondidas. Prende, fecha organizações, persegue opositores a torto e a direito. Está, deste modo, a dar parte de fraco, a mostrar que as suas alternativas estão a esgotar-se.

Da mesma maneira que enfrenta uma onde de críticas e oposições internas, mais problemas económicos e corrupção, enfrenta agora a determinação da Ucrânia. 

Tem andado a fazer exigências e ameaças, mas quer dizer... alguém acredita que ele vá tentar tomar a Ucrânia como se fosse o Afeganistão, um país periférico e sem apoios? É extremamente improvável... A NATO caía-lhe em cima... e quem o iria ajudar contra os EUA e a NATO? 

Portanto, ele está a fazer o que fazem os animais quando não querem lutar que é fazerem-se maiores do que são para intimidar e enganar o adversário na esperança que ele desista e volte costas. Ele quer que o Ocidente desista da Ucrânia.
Putin pediu garantias de que a NATO não iria expandir-se. Dez dias depois, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo apelou para o fim da expansão da NATO para leste e para a limitação da atividade militar da aliança na Europa de Leste, o que inclui a cooperação com a Ucrânia e a Geórgia, enquanto pedia conversações bilaterais com os Estados Unidos, sublinhando não querer que se juntassem ucranianos nem restantes europeus.

Por fim, na semana passada, o ex-agente do KGB ameaçou responder com "medidas técnico-militares" se as suas exigências de segurança não fossem satisfeitas, sem indicar quais seriam as medidas.
Durante o telefonema, Biden disse a Putin que os EUA iriam impor sanções graves a Moscovo caso as forças russas, que incluem tanques, artilharia e até mísseis balísticos de curto alcance, lançassem um ataque às forças ucranianas.

O que ele queria é que a União E. Euroasiática -que inclui a Bielorrússia e a Arménia- fosse também militar, uma resposta à NATO e à UE e para isso precisa da Ucrânia. Para avançar a sua fronteira militar e ficar com países terceiros a fazer de escudo. Por isso também quer a Geórgia, cuja fronteira também destabilizou usando movimentos separatistas. Quer o controlo da zona e do Mar Negro.


Só que o mundo já não é o que era na Guerra Fria e ele está a perder terreno porque cometeu erros, sendo o maior de todos ter subestimado a Ucrânia e a UE que, espero, não lhe dê espaço de manobra. Daí estas ameaças todas para ver se o adversário se intimida. No entanto, Biden respondeu bem. Disse-lhe que ajuda a Ucrânia, que não faz nenhuma acordo acerca do destino da Ucrânia como se a Ucrânia não fosse um país soberano e que lhe aplica sanções económicas muito maiores que as anteriores. 

Putin está em fim de tempo a esbracejar para todo o lado como um homem que se afoga. É claro que estes ditadores, quando começam a esbracejar levam imenso tempo a afogar-se e é preciso ter muito cuidado com eles. Muita determinação. 




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