Aqueles que conheceram o sofrimento compreendem mais da vida. Qualquer pessoa que tenha sofrido a perda de alguém que ama verdadeiramente sabe o que significa ser humano. A nível intelectual, sabemos que todas as coisas devem morrer. Podemos apreciar racionalmente a transitoriedade da vida, a ruptura da biologia, e a entropia no universo. Mas conhecer a morte, sentir e suportar a perda, dá a alguém uma compreensão que nenhum poema, filme ou livro poderia permitir.
Esta é uma das observações que Soren Kierkegaard faz na sua obra existencial religiosa, "A Doença até à Morte".
Para muitas pessoas, como os jovens ou os sortudos, não há necessidade de enfrentar a mortalidade. Podem caminhar pelos seus dias sem um momento de reflexão para perguntas sobre a eternidade. Eles nunca pensarão na sua própria morte ou naqueles que os rodeiam. Nunca pensarão que as pessoas que têm nas suas vidas irão um dia desaparecer. Nunca apreciarão que um dia cada um de nós terá a sua última refeição, rir-se-á e respirará pela última vez. Que haverá um último abraço com alguém que amamos.
Eles sabem-no numa parte remota do entendimento, mas não o sentem. É intelectualmente "objectivo", mas falta-lhes um movimento subjectivo. É como se o "desespero" viesse de fora. Enquanto que, o desespero da verdadeira dor é algo sentido de dentro. Dói e pulsa dentro do seu próprio ser.
Para Kierkegaard, este desespero - este sentido visceral de mortalidade - é a primeira etapa na realização do nosso verdadeiro "eu". Quando nos damos conta em primeira mão de que as coisas na vida não são eternas e nada é para sempre, também apreciamos como desejamos o eterno. A fonte do nosso desespero é querermos esse "para sempre".
Como devemos responder a isto? Os Epicuristas e as Religiões Orientais acreditavam que isto poderia ser superado removendo esse anseio. Heidegger e Sartre argumentaram que dá um novo significado à liberdade de escolha. Camus acreditava que devíamos abraçar a seu absurdez. Para Kierkegaard, no entanto, significava a rendição. Existe um eterno para nos perdermos. Existe a fé.
Mesmo que discordemos da resposta de Kierkegaard, a sua reflexão sobre o desespero é uma reflexão poderosa. A dor e a perda mudam-nos e para muitos é o primeiro passo para um tipo de vida totalmente transformado.
Mini Philosophy
Neste blog aprende-se muita coisa.😊
ReplyDeleteAhah
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