Este assunto dos abusos sexuais de crianças por padres e da tentativa da igreja portuguesa de varrer tudo para debaixo do tapete é tão escabroso que tenho tido dificuldade em lidar com ele mentalmente. Vêem-me imagens à cabeça de milhões de crianças entregues cegamente nas mãos de homens perversos e estúpidos, em países como o nosso, onde a igreja católica está presente na vida das pessoas desde a mais tenra infância. Desde o baptizado e depois nas escolas, nas catequeses, nos corpos de escuteiros, nos colégios católicos. Tudo cheio de secretismos de machos, muitos dos quais abraçam as vestes já a pensar que é um universo onde podem aproximar-se de crianças sem escrutínio, pois a igreja na sua arrogância de se proclamar detentora do poder e da verdade não ouve ninguém. Ostracizou metade dos crentes, que são as mulheres, para poderem manter estes vícios escondidos atrás da aparência de virtudes. E não digam que não são todos os padres, mas uma minoria, porque a questão é que, ao mais alto nível, não estão dispostos a lidar com essa minoria como criminosos e acham defensável usar o sigilo da confissão como pretexto para acobertar destruidores de crianças. Portanto, os criminosos são uma pequena porção mas os cúmplices encobridores são uma legião. E cada pedófilo não destrói apenas uma criança. Sabe-se lá quantas crianças se perdem e ficam com as vidas estragadas, mais as dos seus filhos, às mãos de um só desses criminosos.
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