Esta jornalista que é editora executiva do jornal, fala como se a universidade existisse para curar a ansiedade e a depressão dos alunos e como se o número baixo de vagas nos cursos fosse uma injustiça que se lhes faz, uma espécie de recusa de Prozac. Não lhe passa pela cabeça que há uma avalanche de alunos com médias de 18, 19 e 20 e que é por isso que alunos com média de 19 ficam de fora e que esse excesso de alunos com 18, 19 e 29, é um fenómeno suspeito e que grita que há algo muito errado com a avaliação; também não lhe passa pela cabeça que as universidades são lugares de avanço de conhecimentos e não cursos de etiqueta para 'finalizar' jovens, para que conheçam pessoas com ligações e arranjar-lhes melhor casamento, digamos assim. Há bastantes décadas, essa era a razão dos pais deixarem as raparigas irem estudar para universidades: polimento e casamento - uma espécie de finishing schools mais próximas e acessíveis que a Suíça.
Parecia que tínhamos evoluído disso, mas depois apareceram os 'bolonhos' com esta visão miserabilista das universidades como escolas de polimento, à antiga - visão defendida por esta jornalista, embora talvez nem perceba o que está a dizer.
Fala na sua experiência: seguiu o caminho em que era mais capaz (!) e que a faz feliz. Portanto, também os jornais existem para dar emprego a pessoas que ali se sentem felizes. Isso explica muita coisa... nomeadamente pensar que as universidades existem para fazer pessoas felizes.
Talvez também pense que os governos existam para dar felicidade a pessoas que pensam ser ali capazes.
A ansiedade do futuro
Chegar ao final do Ensino Secundário com uma média de 19 valores e, mesmo assim, ficar arredado do curso que sempre se sonhou, devia fazer soar os alarmes junto de quem define as políticas de Educação.
A cada ano, por esta altura, fala-se da necessidade de alterar a forma de acesso ao Ensino Superior. A cada ano, reconhece-se que muitos concorrem a cursos com médias muito elevadas, não por vocação, apenas porque são empurrados a irem em busca de sucesso que todos parecem esperar deles.
Um caminho difícil para qualquer jovem, a viver o final da adolescência. Um estudo feito em 21 países, recentemente tornado público pela Unicef, revela que uma média de um em cada cinco jovens inquiridos, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, diz sentir-se frequentemente deprimido ou com pouco interesse em fazer as coisas. Muitos vivem em permanente estado de ansiedade, como revela um outro estudo feito à escala global, com uma amostra de mais de 80 mil indivíduos: mais uma vez, um em cada cinco sofre de ansiedade.
Quando acabei o Secundário e ingressei num curso superior, não senti pressão, por parte dos que me eram mais próximos, para fazer qualquer tipo de escolha. Vivíamos com o conforto de saber que devíamos seguir o caminho escolhido por nós, seguir aquilo em que seríamos mais capazes, em suma, que nos fizesse felizes. O Mundo mudou. Muito. E a vida em muitos aspetos tornou-se bem mais difícil.
Paula Ferreira - Editora-executiva-adjunta.
A ansiedade do futuro
Chegar ao final do Ensino Secundário com uma média de 19 valores e, mesmo assim, ficar arredado do curso que sempre se sonhou, devia fazer soar os alarmes junto de quem define as políticas de Educação.
A cada ano, por esta altura, fala-se da necessidade de alterar a forma de acesso ao Ensino Superior. A cada ano, reconhece-se que muitos concorrem a cursos com médias muito elevadas, não por vocação, apenas porque são empurrados a irem em busca de sucesso que todos parecem esperar deles.
Um caminho difícil para qualquer jovem, a viver o final da adolescência. Um estudo feito em 21 países, recentemente tornado público pela Unicef, revela que uma média de um em cada cinco jovens inquiridos, com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos, diz sentir-se frequentemente deprimido ou com pouco interesse em fazer as coisas. Muitos vivem em permanente estado de ansiedade, como revela um outro estudo feito à escala global, com uma amostra de mais de 80 mil indivíduos: mais uma vez, um em cada cinco sofre de ansiedade.
Quando acabei o Secundário e ingressei num curso superior, não senti pressão, por parte dos que me eram mais próximos, para fazer qualquer tipo de escolha. Vivíamos com o conforto de saber que devíamos seguir o caminho escolhido por nós, seguir aquilo em que seríamos mais capazes, em suma, que nos fizesse felizes. O Mundo mudou. Muito. E a vida em muitos aspetos tornou-se bem mais difícil.
Paula Ferreira - Editora-executiva-adjunta.
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