Mais vale uma pedra no meio do caminho do que duas no sapato.
Pedra, em latim, é ‘petra’, mas se falarmos especificamente de uma pedra pontiaguda ou angulosa, aí é um ‘scrupum’. Indo para o diminutivo, essa pedrinha se chama ‘scrupulum’. Na Antiguidade, era um termo tão comum que virou unidade de medida de peso para pedras preciosas, o escrópulo, equivalente a 1,25 g.
Um ‘scrupulum’ de joia é tudo de bom, mas um ‘scrupulum’ no sapato é um incômodo sem fim. Não há sossego até que se consiga retirar aquele estorvo pétreo do pé. É um lego na crocs (na língua dos mais jovens).
No século I a.C., numa bela analogia, o filósofo romano Cícero disse que as preocupações são como escrúpulos. Assim como uma pedra áspera dentro do calçado nos incomoda, o remorso tira a paz da alma. É o famoso ‘peso na consciência’.
Então, com o tempo, escrúpulo passou a ser sinônimo de inquietação espiritual. Ter escrúpulos quando se comete um erro sempre foi considerado uma grande qualidade da pessoa dotada de consciência moral, de caráter íntegro.
O inescrupuloso (sem escrúpulos), o que não sofre pelo mal cometido, é o que dorme à noite sem inquietação alguma, mesmo sabendo das porcarias que fez.
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