September 14, 2021

O grau máximo do ridículo e o grau mínimo do sentido de humor

 


Olha para isto: alguém denunciou uma piada como um acto racista e uns tipos sem cabeça da comissão do racismo puseram um processo, no mínimo anedótico, aos autores da piada. Os comunistas do Seixal querem proibir o sentido de humor e defender a honra de Mao [lol, até me sinto mal a escrever esta expressão, «honra de Mao»].

As piadas fazem-se justamente com as idiossincrasias das pessoas/povos, tal qual como as caricaturas que exageram narizes, por exemplo. Fazemos piadas com os alentejano comerem carne de porco, com os portugueses não saberem cozinhar sem refogados ou com as toneladas de bacalhau que comem num só dia do ano; com os franceses comerem as baguettes que andaram metade do dia debaixo dos sovacos, com os americanos enfiarem Ketchup em tudo, com os alemães só comerem salsichas, com os finlandeses irem para a cama às quatro da tarde, etc. Toda a gente percebe a caricatura implícita na piada e ninguém é estúpido ao ponto de se ofender.

Este país tem gente mesmo abaixo da crítica séria. 

Comissão contra a discriminação racial instaura processo ao PSD do Seixal por cartaz com líder chinês Mao Tsé-Tung

Cartaz inclui a frase "depois de 45 anos a comer arroz". Bruno Vasconcelos, candidato social-democrata à autarquia, diz que é uma “expressão corriqueira, usada entre amigos, como sinal de repetição”: “Os comunistas do Seixal não percebem arroz do que é a democracia ou a liberdade de expressão”, acusa.

A Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR) instaurou um processo contra o candidato do PSD ao Seixal, Bruno Vasconcelos, por considerar que um dos cartazes da sua campanha autárquica “discrimina o povo chinês”. O cartaz exibe Mao Tsé-Tung, acompanhado das frases “Depois de 45 anos a comer arroz. Vais votar nos mesmos de sempre? Mao, Mao, Maria”. Candidato diz, ao jornal “Inevitável”,ser “inacreditável” esta “tentativa de limitação”

A CICDR recebeu duas denúncias em relação ao cartaz. Segundo a comissão, a frase “Depois de 45 anos a comer arroz” é suscetível a “discriminar o povo chinês, sendo assim um ato xenófobo” e ainda “diminuidora da cultura chinesa”. A queixa diz ainda que o cartaz pretende diminuir “as dificuldades que os chineses passaram durante várias lutas e guerras que enfrentaram, o que os obrigou a subsistir com base no arroz”.


1 comment:

  1. Meu Deus, e nada fazem ao Bruno Dias e ao Louçã que negaram a existência do Holodomor?

    Uma piada? Pode ter mais ou menos graça, mas não se pode mais fazer piadas ou graçolas.

    No início deste século, surgiu na SIC um programa de «stand-up», no qual havia várias graçolas de cariz homofóbico, nomeadamente sobre duas figuras da TV: Cláudio Ramos e um tal Serginho. Os autores foram gente que, hoje, faz parte desta comissão alargada de censura. Mudaram de opinião e de postura com o tempo? É possível...

    Já agora, pode fazer-se humor com o quê, exatamente? E pensar que tivemos aquela enorme discussão a propósito do «cartoon» do António sobre o Papa JPII com o preservativo na penca.

    Na minha modesta opinião, o humor pode fazer-se sobre tudo e um par de botas. Mas mesmo TUDO. Quem censura é o público do «anedotante». Caso contrário, estamos perante uma polícia política que dita o que é aceitável e o que não é. Hoje, é à esquerda radical, amanhã é a la Chega ou equivalente.

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