Prestígio - 1650s, "truque, ilusão, impostura", do francês, prestige (séc. XVI) "engano, impostura, ilusão" (em francês moderno, "ilusão, magia, glamour"), do latim praestigium "ilusão" - de onde vem o termo, «prestidigitador» = ilusionista.
A partir de cerca de 1815, foi utilizado no sentido de "uma ilusão quanto ao mérito ou importância pessoal, uma ilusão lisonjeadora", daí, positivamente, "uma reputação de excelência, importância, ou autoridade", sentidos provavelmente introduzidos pelo francês, frequentemente em referência a Napoleão:
Quando a mesma pergunta foi colocada àqueles que o conheciam melhor e à França, responderam, 'que uma paz ditada em França o teria desfeito;' e 'que o seu trono estava fundado na opinião pública,' e 'que se o prestígio (a ilusão),' pois assim o chamavam, 'da sua glória fosse destruído, o estado dos seus assuntos, e o carácter do povo francês proibia-o de esperar que o seu poder sobrevivesse por muito tempo'. ["Memórias do Depósito de Bonaparte", Quarterly Review, Oct. 1814]
Vem isto a propósito de um filme/documentário que estou a ver, chamado, Operation Varsity Blues: The College Admissions Scandal que como se percebe relata o recente escândalo do subornos para admissão nas universidades da Ivy League nos EUA. Era tudo orquestrado por um indivíduo que começou por ser um 'coach' que preparava alunos para a faculdade e cujo sucesso o fez fundar uma firma e organizar subornos de milhões para enfiar alunos pela 'porta do lado' -subornos aos da administração das faculdades- como ele lhe chama, das universidades.
Ele enfiava ser de 175 alunos por ano e pedia desde meio milhão a um milhão e meio mas avisando que certas universidades pediam doações de 50 milhões dependendo da universidade onde queriam entrar. Algumas das pessoas das universidades recebiam 20 mil dólares por semana... Os filhos, na maioria das vezes nem sabiam. Os pais diziam-lhes que tinham contratado um 'coach' para ajudar e que de facto os acompanhava. As universidades lucravam centenas e centenas de milhões. Punham rapazes com um metro e meio a entrar pela equipa de basketball, raparigas que mal sabem nadar a entrar pela equipa de waterpolo e coisas do género...
Entretanto montes alunos de muito mérito que fartaram-se de trabalhar ficam de fora de todas estas universidades e a sentir-se insuficientes. O Kushner marido da Ivanka, um aluno mediano na escola, entrou porque o pai dou milhões para uma ala inteira de um edifício.
A certa altura um dos indivíduos de uma universidade diz que entrar em certas faculdades tornou-se, não um meio de ter uma melhor educação, porque não têm grande diferença nisso de outras, mas um fim em si mesmo. Uma questão de prestígio que depois abriria muitas portas. E ele acrescenta, 'a piada é que a palavra prestígio vem do francês e quer dizer, «impostura, ilusão»'.
Ainda vou a meio do documentário mas é chocante, apesar de sabermos que é assim e que na América quem tem dinheiro compra vantagens -bem, já não é só lá- é sempre chocante ver a facilidade com que uns corrompem e outros se deixam corromper e como toda a conversa de educação de elites é uma treta para as universidades enfiarem dinheiro nos bolsos.
Para os que entram pela porta da frente sem cunhas nem subornos -sim, porque ainda há a porta de trás, como o 'coach' lhe chama para as cunhas sem suborno-, o que na prática é muito difícil porque as duas outras categorias têm prioridade, a educação tem mérito, mas esses são uma minoria.
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