July 01, 2021

Todas as semanas um dos jornais 'amigos' do governo traz um artigo a defender o (ainda maior) controlo dos professores

 



E quem escolheram hoje para difundir a mensagem? Uma directora de colégios católicos, portanto, habituada à ideia de que o rebanho deve ser orientado por um iluminado, como acontece na obediência católica, aliás tão conforme ao SE, também ele um católico paternalista que olha para os professores como o rebanho que ele, o paizinho iluminado, tem de orientar. Se isto não é o renascer da mentalidade salazarista, é o quê?

Não vivemos numa sociedade totalitária nem sequer numa ditadura, porém, formas totalitárias de pensar e de assumir o controlo das organizações estão a progredir nas nossas sociedades (não só em Portugal) ao ponto de cada vez mais pessoas trabalharem em microclimas totalitários: pensamento único, hierarquia rígida sem partilha de decisão, trabalhadores infantilizados, orientados por uma figura paternalista, seja a igreja que controla os colégios cristãos, sejam os governantes católicos, sejam os governos de práticas não-democráticas que assumem o controlo da democracia à maneira soviética -iliberal, como se diz hoje em dia para ocultar as tendências, sejam os patrões que se assumem, cada vez menos como trabalhadores eles mesmos. 

Um exemplo flagrante: não existe verbo para a actividade do banqueiro enquanto trabalhador. Não é tão emblemático? Em Angola encontramos o termo, 'banqueirar', com o significado de 'trapacear', 'enganar'. 

Margarida Marrucho Mota Amador

(...) 
a autonomia pode ser um pesadelo! Antes de querer fazer ‘coisas’ diferentes e com efeitos positivos, é preciso entender bem o contexto e perceber onde estão os travões para a aprendizagem e a felicidade académica e também social. Ou seja, é preciso ter mentalidade reflexiva, de questionamento, curiosa, inclusiva e humilde. 

[este discurso vazio ao modo de um slogan de tamanho único que nada produz]

(...)
Só com grandes timoneiros será possível navegar por este mar da autonomia de milhões de euros à espreita. Para orientar tal autonomia em cada escola, é preciso ter uma visão clara, construir equipas que ajudem a pensar e tragam diferentes pontos e vista. É importante também trazer pessoas de fora da escola, que contribuam com novas perspectivas, os chamados thinking partners, um olhar novo isento de vícios para contribuir com contexto, com perspectiva. Ter claro qual é o ponto de partida, que na maioria das vezes não é nada concreto, nem está claro para quem tem responsabilidades de direcção da escola e aferir onde todos querem chegar, qual é o ponto de chegada sonhado por todos.

 [Deus nos livre de deixar que os profissionais, especialistas no seu trabalho contribuam - o que é preciso são directores/timoneiros e amadores que venham de fora porque os especialistas estão cheios de vícios e os que não percebem nada de educação não têm vícios...]

(...)
É preciso preparar para a autonomia. Pensemos na educação das crianças e façamos o paralelismo. Quando durante toda a vida se cumpre regras, normas e orientações e de repente se abre a porta e se pede para fazer como quiserem, o mais provável é dar asneira. O sentimento de segurança é sempre maior quando alguém nos orienta do que quando temos de pensar, desenvolver um plano, gerir acções e validar as estratégias e as respectivas saídas. 

[em suma: é preciso ver que os professores são como crianças e devemos tratá-los como tal porque as crianças precisam de alguém a dizer-lhes como pensar]

(...)
E formação adequada, própria e direccionada para este grupo tão especial, os líderes? 

[é engraçado, num sentido negativo, perceber que esta directora pensa que os directores são líderes...]



2 comments:

  1. Os Diretores estão nos colégios privados pir cunhas. Os Diretores e os professores. Houve uma altura da minha vida em que pensei em dar aulas num privado, em acumulação, claro. Tinha uma ótima média de curso e de estágio. Mandei imensos curriculos. Nada!

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  2. Sim , mas vês que andam a promover agressivamente o controlo toal dos professores por directores eles mesmos tutelados com garra firme. Iso é a destruição total da autonomia pedagógica do professor e da escola como formadora de cidadãos livres. ´\E revoltante como se assite a isto, semana após semana e ninguém pia!!

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