June 27, 2021

Isto cheira muito mal

 


Cheira muito mal porque lemos que do gabinete do ministro Cabrita saiu logo uma nota a dizer que a culpa foi do trabalhador, de maneira a que este não recebesse indemnização do seguro. Isto, antes de haver qualquer conclusão de qualquer inquérito. Isto é de uma falta de ética que espanta, mesmo numa pessoa que já nos habituou a comportamentos de imoralidade e de desinteresse pelos direitos dos outros, para ser branda. 

E o Ventura tem razão quando diz que o ministro indo em carro oficial, e portanto, em serviço, tem que prestar contas do que se passou. 


jornal economico - chega-cria-fundo-para-familia-de-trabalhador-atropelado-pela-viatura-oficial-de-eduardo-cabrita


O trabalhador ainda foi assistido no troço da autoestrada situado no concelho de Évora, mas não resistiu aos ferimentos e o óbito foi declarado no local. Deixou duas filhas menores, de 13 e 16 anos, e uma viúva, tendo esta dito ao “Correio da Manhã” que ninguém no Governo quis saber se a família precisava de ajuda e garantido que o marido era a única fonte de receitas do agregado familiar. Ainda segundo o mesmo jornal, a nota do gabinete do ministro da Administração Interna a dar conta do acidente travou qualquer indemnização da seguradora, na medida em que imputa responsabilidades ao falecido por ter atravessado as faixas de rodagem.

“Trata-se de um veículo oficial, em viagem oficial, suportada pelo dinheiro dos contribuintes e em missão de necessário interesse público, pelo que há questões importantes que devem ser esclarecidas e tornadas públicas”, justifica o líder partidário.

André Ventura pretende que Eduardo Cabrita esclareça a que velocidade circulava o veículo oficial do Ministério da Administração Interna e “qual a justificação para tal”, se o automóvel “seguia em marcha de urgência ou marcha normal no regresso da deslocação do senhor ministro a Portalegre” e ainda se confirma ou não que “o infortunado trabalhador circulou de forma incauta e imprudente na faixa de rodagem central quando as obras se realizavam na berma da estrada”.

2 comments:

  1. Com obras na berma ou no meio da via, há sempre sinais de trânsito a assinalá-las e a impor limites de velocidade progressivamente diminutos, à medida que um condutor se aproxima do local.

    Dito isto, a falta de ética, de humanismo, o que quer que seja, é absolutamente inadjetivável. É uma vergonha! Mas mais vergonhosa é a forma como este povo olha para isto de forma absolutamente apática e indiferente.

    Há dias, nesta Europa, demitiu-se um ministro porque cumprimentou com um beijo uma assistente, salvo erro, num contexto de pandemia.

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  2. Pois foi, eu li isso. Mas Portugal não está 'nessa' Europa onde os políticos prevaricam mas são responsabilizados. Ainda estamos no rescaldo do 25 de Abril e dos oportunistas que então aproveitaram para ocupar as cadeiras do poder deixadas vagas.

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