um homem que decide privar outro homem de liberdade é, na realidade, prisioneiro, por sua vez, do ódio, dos preconceitos e das limitações do seu espírito
Estas palavras de Nelson Mandela são tão claras como a sua história. Viu-se obrigado a cumprir uma pena de 27 anos de prisão, para poder converter-se, em 1994, no primeiro presidente não branco, da história sul africana.
Para os 'presos limitados', os que odeiam e eliminam serão sempre, 'eles'.
Desde os que viviam em paz na pequena ilha do Egeu meridional e que em 416 AC se opuseram à ocupação ateniense durante a guerra do Peloponeso reivindicando por meio de palavras o direito humano à justiça e à liberdade, até aos acuais cientistas, ambientalistas e jornalistas, e todos os activistas dispostos a revelar a verdade 'à outra parte' e a dar testemunho em primeira pessoa contra a violência e a negação da liberdade, não com armas, lanças ou pedras mas com a rebelião das palavras e dos gestos exemplares que delas derivam, todos eles têm um riso cristalino: o riso da liberdade.
Libertas, em latim, ελευθερία (eleutheria) em grego, são palavras que derivam de uma antiquíssima raiz indoeuropeia, leudhero-, isto é, "aquele que tem direito a pertencer a um povo". A liberdade é, desde sempre, a condição do homem livre desde o seu nascimento (contraposta à do servus, o escravo), ou do homem libertus, o servo emancipado.
Só o homem livre pode tomar a decisão de pertencer a uma entidade superior ao indivíduo, seja um Estado, uma família, uma religião, um amor, uma profissão ou uma ideologia.
O servo, pelo contrário, pertence a alguém como um objecto. O seu pensamento não é adesão mas posse. A sua palavra não é a de levar a cabo uma acção mas a de executar uma ordem. O desejo de ser livre e deixar de ser servo, escravo, é o motor de qualquer história, desde a que se escreve com maiúscula , a História do mundo, até à mais pequena, a história pessoal de cada ser humano.
A liberdade é a necessidade mais antiga do ser humano: em seu Noe organizaram-se revoltas, protestos, guerras, revoluções capazes de mudar as fronteiras geográficas de povos inteiros e os milites temporais de épocas inteiras. É pela ânsia de liberdade que os seres humanos de desunem; para poderem chamar-se, não 'um', mas 'um de...' que mudam a história. Somos livres só quando juntos a alguém ou algo maior que nós.
Pelo contrário, a solidão é a estrada principal para a pequenez da escravidão onde ficamos relegados a um cantinho à espera de ordens. Lutamos contra quem nos impede de escolher, o que fazer, onde ir, o que dizer, como pensar, em quem crer ou quem amar.
O sentido grego antigo de liberdade era tão profundamente humano que supôs ser universal. Era a possibilidade d chamar-se livre de um tirano, de um estrangeiro, de um amo. Porém, era acima de tido o direito-dever de e gestos 'exercer essa liberdade por meio de palavras e gestos precisos'.
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