Há uma pequena história de Roald Dahl chamada The Sound Machine. Envolve um homem que inventa uma máquina que lhe permite sintonizar-se com a frequência da vida vegetal. Quando a experimenta, ouve o grito das rosas enquanto o seu vizinho as apara. Depois, ouve o gemido de uma árvore a ser cortada. Traumatizado, ele destrói a sua máquina e vai ajudar a árvore ferida.
É uma nova forma de ver as coisas e no seu maravilhoso livro, The Hidden Life of Trees, Peter Wohlleben explica o quão complexas as árvores podem ser.
As árvores são organismos sociáveis. Têm pontas curtas, semelhantes a pêlos nas raízes, que se juntam com pequenos fungos para comunicar uns com os outros. Isto actua como uma *consciência* para as árvores, e utilizam-na para detectar se um vizinho é da mesma espécie ou se é uma planta jovem ou não.
E isto não é em vão - as árvores apoiam-se umas às outras. Se uma árvore próxima estiver doente ou a morrer, outras árvores irão alimentá-la. Tem havido mesmo casos de "relações" entre árvores, em que as suas raízes se tornam tão enredadas, que partilham todos os seus nutrientes. Pungentemente, se uma morrer, a outra não ficará muito para trás.
Mais surpreendentemente, as árvores têm "memórias" (de uma espécie) e podem transmiti-las às suas crias. Algumas árvores, por exemplo, florescem após "contar" os dias quentes. Se não tivessem memória, teriam de começar a contar de novo todos os dias. Além disso, se uma árvore sofrer uma seca, eles adaptam os seus hábitos de consumo de água. Estes hábitos são depois transmitidos aos seus rebentos.
O problema, porém, está na forma como vemos as árvores - ecoando um ponto que Heidegger refere na tecnologia (no livro de Mini Filosofia).
Não podemos deixar de ver as árvores em termos do que elas fazem por nós. São madeira para cortar, sombra para descansar, ou estruturas para trepar. Isto não é mau em si mesmo, mas quando levado longe demais, significa levar a árvore a definhar.
Experimentamos o mundo através dos olhos humanos. Queremos que uma árvore cresça rapidamente e floresça a pedido. Mas as árvores vivem a uma escala completamente diferente. Nas florestas antigas, as árvores vivem durante séculos, e as árvores mais antigas remontam a *millennia*.
As árvores são coisas notáveis, e vivem, crescem, e comportam-se de formas bastante incríveis. Como é sempre o caso, quanto mais aprendemos sobre uma coisa, mais a respeitamos.
Mini Philosophy
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