Agora fui dar com um artigo com dicas sobre este assunto e pus-me a pensar que as minhas roupas duram indefinidamente. Tenho um blusão-gabardine e um casaco curto de cabedal de quando tinha 13 anos! O blusão ainda tem o nome da minha irmã mais velha cosido no interior da gola - a minha mãe, como tinha a mania de nos vestir de igual quando éramos miúdas, e sendo 5 raparigas, mandava coser uma etiqueta com o nome de cada uma na gola para não haver confusões. Depois, como as roupas que não se estragavam iam passando de mão e nem sempre se lembravam de trocar a etiqueta da gola, às vezes acabávamos com roupa com o nome alheio. Está impecável, nem sequer tem a cor exterior -um encarnado sangue- desbotada bem como o forro, um tartan de flanela de algodão. Tenho roupas com 30 anos e mais. É por isso que, embora compre pouca roupa tenho coisas a mais. Já são muitos anos. Uma pessoa compra duas ou três camisas num ano e ao fim de 40 anos a comprar tem entre 80 a 120 camisas... vá que se estraguem umas quatro ou cinco... é um disparate.
A ler o artigo, pus-me a pensar no que faço para a roupa durar tanto tempo sem se estragar e resolvi pôr aqui a minha experiência. Estas dicas, por assim dizer, só funcionam para quem quer que a roupa dure mais tempo, porque aquelas pessoas consumistas de roupa da última moda que todos os meses têm que comprar uma dezena de coisas não querem mesmo é que as roupas durem para terem um pretexto para ir às compras.
1. Compro roupa de qualidade. A roupa sem qualidade, o que se vê no toque do tecido, no grão, na densidade de fios e nas costuras, não dura muitas lavagens e acaba por sair mais cara porque tem que estar sempre a substituir-se. Quem quer que a roupa dure muito mais compra roupas sintéticas que desgastam-se menos, mas eu não gosto e tenho alguma alergia a fibras sintéticas de modo que compro algodão e tenho outros cuidados nas lavagens. E as roupas sintéticas são mais poluentes por causa dos micro-plásticos. Se compro uma gabardine tenho o cuidado de ver se pode ser lavada na máquina para não ter que mandar à lavandaria: é caro e mau para o ambiente, o uso daqueles químicos todos. Não compro nenhuma roupa sem ver a etiqueta do tecido e das lavagens.
2. A roupa lava-se de maneira diferente. O que mais desgasta a roupa são as temperaturas altas e, não tenho a certeza mas tenho a convicção de que a centrifugação é um stress muito grande para os tecidos. Uma espécie de martelo. Tudo o que posso lavar em ciclos curtos a 30º, 40º, é o que faço - é claro que há coisas que têm que lavar-se a 60º para matar germes, mas são poucas - lençóis, toalhas e isso. Mesmos estes, nunca os ponho a centrifugar a 1400 ou a 1200. Ponho a 1000 e é porque menos que isso as toalhas depois levam tempos infinitos no secador da roupa até estarem prontas e este é o electrodoméstico que gasta mais energia. Quando está a funcionar o contador da electricidade parece um pião a rolar furiosamente. Nunca carrego a máquina com o peso máximo do fabricante. A roupa fica enrodilhada e depois a água não consegue tirar todo o detergente, o que estraga as roupas, quer dizer, secarem com aqueles químicos a corroer; e faz alergias na pele. Há peças que não ponho sequer na máquina, embora a máquina tenha programas para roupa delicada. No Inverno ando muito de saias e portanto, uso meias. Collants. Um par de meias custa entre 25 a 45 euros e é o tipo de peça que se lava de cada vez que se usa. Se pusesse na máquina duravam um mês... As meias bem cuidadas, se não temos algum acidente, ao fim vários anos é que se estragam. Têm que lavar-se à mão e com cuidado. Há coisas que lavo pouco, como camisolas de lã ou saias, calças de fazenda. Se a lã é de boa qualidade é respirável e não precisa de andar sempre a lavar, a não ser que a pessoa ande a correr. Estas ponho-as na máquina no programa indicado (ponho as roupas sempre nos programas indicados na etiqueta) mas tiro-lhes a centrifugação. E não ponho lãs no secador da roupa, apesar de ter um programa para lãs, porque aquilo estraga as lãs. Tira-lhes densidade. As coisas que se lavam à mão e as lãs seco-as sempre à sombra, nunca ao sol. As coisas de Verão lavam-se mais e, por isso, desgastam-se mais.
3. Não compro roupa apertada. Primeiro porque me incomoda e é feio e depois porque estraga a roupa num instante. Mesmo que seja de boa qualidade a pressão nas costuras dá cabo da roupa toda.
4. Armazenar roupa. Roupa como casacos, fatos e vestidos, se está muito tempo sem ser usada tem que estar coberta senão fica com manchas e pó encardido que às vezes já não saem. Mesmo que estejam em roupeiros fechados. Não se pode pôr em sítios húmidos que a emboloram -felizmente não tenho humidade em casa- e compro madeira de cedro que penduro nos roupeiros para afastar tracinhas. Ponho nas gavetas sacos de cheiros -lavanda, magnólia, etc- que afastam bichinhos que gostam de roupas e odeiam os cheiros. Alguma roupa branca, mesmo tapada, tem que ser lavada uma vez por ano, mesmo que não se vista porque os vincos descoloram a roupa. As camisolas têm que estar bem dobradas e as camisas se estão dobradas também. Ademais, quando as peças estão dobradas e empilhadas temos perfeita noção da quantidade de roupa, porque vê-se toda, ao contrário do que acontece quando está tudo às três pancadas no fundo do roupeiro: é bom para não ir comprar peças que não se precisa.
5. O que fazer às roupas que estão fora de moda. Bem, há várias hipóteses. Primeiro, compro roupas a pensar mais no que gosto e me assenta bem que na moda, mas se compro alguma coisa mais na moda, quando a moda passa, ou guardo, sabendo que as modas regressam ciclicamente ou reciclo-as. Para isso arranjei uma costureira de confiança e com bom gosto. Enquanto as roupas estão boas e gosto delas reciclo-as. Ela tem montes de ideias para fazer modificações de maneira que parecem outras roupas. Por exemplo, tenho vários calções de Verão com 20 anos ou mais. Alguns, a certa altura, achei que eram já curtos de mais para a idade que tinha. Fui buscar umas bermudas antigas de praia encarnadas às ricas e disse à costureira para pôr uma faixa larga das bermudas a meio da perna dos calções. Parecem outros e ficaram com muitos mais anos de uso. E quando esta faixa se rasgar corta-se mais um bocado das bermudas e substitui-se.
Algumas roupas dou, se ainda estão boas, porque já não as visto. Por exemplo, durante muitos anos, sendo a família muito grande, todos os anos havia casamentos, baptizados, festas de anos a torto e a direito. Acaba-se por comprar vestidos. Já não visto esses vestidos dessa época que já não são para a minha idade. Dei-os.
5. Sapatos. Tenho dado muitos sapatos. Um ou outro porque deixaram de servir-me e outros, a maioria, porque tinham um salto bastante alto e muito fino e já não calço sapatos com saltos assim tão altos e tão finos: ou uma coisa ou outra.
Já tive muitos sapatos de cerimónia (dei muitos) à conta das tais festas e casamentos. Hoje em dia uso-os pouco. Não os uso no emprego como é evidente e não tenho assim tantas ocasiões de os usar. Ao contrário das outras pessoas que compram esses sapatos caros, sempre tentei comprá-los relativamente baratos, porque sabia que ia usá-los duas ou três vezes e dentro de portas. Para quê gastar um dinheirão? Os sapatos que compro caros são os sapatos de todos os dias. Os sapatos de ir para a escola que têm que durar anos a andar em cima deles quilómetros e quilómetros por ruas mal calcetadas, à chuva e ao calor, sem terem que ir ao sapateiro. Esses uso-os até se gastarem, o que geralmente são três anos para os sapatos e uns cinco ou seis para botas. Os sapatos têm que ser guardados em caixas ou em sacos, se são de tecido e mesmo os outros de pele, é preciso cuidado para que os saltos não danifiquem outros sapatos e é preciso tratar da pele e alimentá-la com graxa, cera ou algum hidratante para não secar e quebrar. Alguns têm que guardar-se com aquelas formas de papel para não se deformarem nas pontas.
Basicamente é assim que tenho roupa com mais de 40 anos ainda com bom aspecto. Não é complicado - exige alguns cuidados e rotinas.
Essas dicas são muito boas mas o problema começa quando se ganha peso - como foi o meu caso! Em 17 anos engordei 20 quilos. Assim, não há roupa que resista!
ReplyDeletelol, nesse caso ou compras roupa nova ou emagreces a sério...
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