Talvez julguemos superficial ou efémera uma aparência resultante da ausência dum movimento visível que se estende no espaço quando na realidade essa aparência pode esconder um infinito profundo. Para a maioria das pessoas a vida realiza-se fora delas, no mundo exterior, mas para algumas pessoas uma vida de acção pode ser uma vida de pensamento, aí se concentrando toda a actividade, energia e expressão do impulso de modificação. Uns orientam a acção para fora de si e mudam o espaço à sua volta, outros orientam-na para dentro de si e mudam-se a si próprios - nessa medida também mudam o mundo. Estes são como o Aquiles do paradoxo de Zenão que antes de alcançar o primeiro passo tem que alcançar o meio da passada, e antes de alcançar o meio da passada tem de alcançar o meio do meio da passada e assim infinitamente, de modo que, já a tartaruga chegou à meta, ainda Aquiles não avançou um passo: andou em profundidade, enquanto a tartaruga andou em extensão. Mas, há tanta actividade em Aquiles, que não se move, como na tartaruga que percorre toda a distância até à meta.
Conclusão: se a tartaruga precisa de ajuda para não se desorientar em extensão, talvez Aquiles precise de ajuda para se mover em extensão e não se perder na profundidade.
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