Esta escultura representando um Doryphoros, ou seja um portador de lança, foi encontrada no Samnite Gymnasium em Pompeia e é da era de Augusto, entre o final do segundo e o início do primeiro século AC. A cultura romana era grande admiradora dos ideais da cultura grega.
Considerada a mais completa cópia derivada do Doryphoros de bronze dos Polykleitos (o do cânon geométrico do belo), representa um jovem portador de lança, nu. O seu braço direito está estendido e o seu braço esquerdo está dobrado para segurar a lança - perdida - enquanto a cabeça, com o seu cabelo ondulado, está virada para a direita.
Nesta famosa cópia de Pompeia (nenhum original de Polykleitos sobreviveu - eram esculturas de bronze e todas acabaram fundidas como acontecia muito sempre que o metal era necessário para guerras), é possível notar o uso do esquema quiástico - que reproduz a figura da letra grega X, chi - criado por Polycletus, e que consiste na oposição recíproca das partes do corpo: o braço esquerdo dobrado corresponde à perna direita estendida, o braço direito estendido, à perna esquerda dobrada.
Polykleitos criou uma figura que não está, nem em repouso (como as figuras do período anterior arcaico que aparecem rígidas, retratadas frontalmente e de modo simétrico - o Kouros, mais abaixo) nem em movimento, pelo modo como dispõe os membros. A figura é representada parada, mas com os membros flectidos a indiciar uma dinâmica de movimento. Por estarem nessa posição, os corpos são assimétricos nas suas partes -uma anca ligeiramente mais alta que a outra, os ombros ligeiramente desacertados e a cabeça inclinada para um dos lados- o que reforça ainda mais a ideia de perfeição, movimento e graça.
Segundo o autor do livro, a eficácia deste esquema quiástico vê-se, sobretudo, na parte de trás das esculturas. Vê-se a assimetria e o movimento do corpo.
Doryphoros
Kouros Kroisos, c. 530 a.C. - período arcaico
Quando vemos as esculturas romanas, renascentistas e outras de inspiração grega vemos o esquema quiástico de Polykleitos.
Vê-se no David, a escultura mais famosa renascentista: o braço direito estendido, a perna esquerda flectida e o braço esquerdo dobrado, a perna direita, estendida. A cabeça voltada para o lado esquerdo. O corpo em assimetria. Sendo uma escultura com mais de 5 metros de altura, consegue ser leve e dinâmica.
O David tem este tamanho gigantesco porque era para ter decorado o topo da basílica de Florença e tinha que ver-se do chão. Só que o peso não deixou que fosse lá posto e também considerações sobre o desperdício de pôr uma obra tão bela num sítio onde seria mal apreciada, fez com que acabasse exposto em frente do Palazzo della Signoria.
Esta mudança de local mudou-lhe o significado, pois enquanto adorno da igreja contava a história de David que derrotou o gigante Golias, mas aqui exposto na praça, com a cabeça virada para Roma onde estava o Cardeal Giovanni di Medici, passou a ser o símbolo da resistência heróica da cidade contra aquela família que durante gerações (até ser exilada) tinha governado a cidade através do controlo da banca. David passou a ter um significado político.
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