"Contra as mulheres. A ascensão do ódio global", por Abram de Swaan.
Victorine de Oliveira
publicada a 04 de Fevereiro de 2021
www.philomag.com/
O sociólogo holandês Abram de Swaan está a recolher um conjunto de dados de todo o mundo para esclarecer a situação: o patriarcado, a quem chama o "reinado do terror", ainda exerce a sua opressão impiedosa sobre mulheres e homens que não satisfazem um certo padrão de masculinidade.
Para Abram de Swaan, este "reinado de terror" não diria apenas respeito a países em guerra ou a países em dificuldades económicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, ainda não existe idade mínima legal para o casamento em cerca de 20 estados.
Para Abram de Swaan, este "reinado de terror" não diria apenas respeito a países em guerra ou a países em dificuldades económicas. Nos Estados Unidos, por exemplo, ainda não existe idade mínima legal para o casamento em cerca de 20 estados.
Há três anos, o New York Times relatou que em 1972, na Florida, Sherry Johnson, uma rapariga de 11 anos que engravidou depois de ter sido violada, foi pressionada pela sua família, Rigorista Pentecostal, a casar com o seu agressor. O que a lei permite. Embora a lei tenha mudado muito desde então, este tipo de lacunas legais são ilhas de resistência, de acordo com Abram de Swaan.
De Swaan observa que à medida que os direitos das mulheres ganham terreno, o ressentimento dos homens aumenta. Quando lhes é oferecido como modelo de masculinidade apenas uma versão dominante, violenta e insensível de si mesmos, é difícil desistir do que lhes permite exercer esse poder.
O sentimento de uma "grande injustiça feita ao homem" surge a par do sentimento de "perder o seu estatuto, a sua honra".
Para Abram de Swaan, esta ferida narcisista é uma das principais forças motrizes por detrás tanto do estado islâmico como dos movimentos supremacistas de direita (de Swaan cita como exemplo o norueguês Anders Behring Breivik cujo manifesto culpa o feminismo pela decadência da cultura europeia).
Para Abram de Swaan, esta ferida narcisista é uma das principais forças motrizes por detrás tanto do estado islâmico como dos movimentos supremacistas de direita (de Swaan cita como exemplo o norueguês Anders Behring Breivik cujo manifesto culpa o feminismo pela decadência da cultura europeia).
É certo que, num caso, o motivo seria a vingança contra um Ocidente visto como injustamente invasivo, e no outro, o desejo de reabilitar a raça branca. Por mais surpreendente que esta aproximação possa parecer, para de Swaan, o ódio às mulheres é o que elas têm em comum.
Contudo, o poder das mulheres como um incómodo não pode parar o movimento de individualização que Abram de Swaan vê em ambos os sexos: "Uma maior igualdade entre os sexos implica, portanto, uma maior diversidade entre as mulheres, mas também entre os homens. "A grande revolução não é basicamente a das identidades?" O abandono da binaridade em favor de uma multiplicidade de possibilidades?
(tradução minha)
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