February 10, 2021

Lavrov afina pelo tom

 


E o tom a UE é cantar de fininho. Por acaso Borrel não se referiu à invasão da Ucrânia pela Rússia como, 'o conflito da Ucrânia com a Rússia'? Qual conflito? Aquilo foi uma invasão, um acto de guerra, mas quando a linguagem da UE mostra pezinhos de lã do outro lado avançam... a verdade das hesitações da UE relativamente à agressão russa reduz-se ao interesse alemão no gasoduto Nord Stream 2.

O que foi ele lá fazer, assim de repente sem mais nem ontem? Pensou que ia ser uma espécie de estrela? Não sou diplomata mas acompanho há décadas o que se passa no mundo e leio. Agora ando a ler a Diplomacia de Kissinger. O homem era um tipo de mau carácter mas de grande inteligência. A certa altura diz ele que no conflito com o Kremlin é da maior importância não separar os interesses económicos e políticos dos valores morais, pois é a estes que a América vai buscar a sua força e integridade que frustram o projecto do Kremlin.


Há dias, ao ver o ministro russo Sergei Lavrov assumir uma atitude de arrogância para com o chefe da "diplomacia europeia", Josep Borrell, travei, num segundo, a vontade de rir que a cena me deu. Era a União Europeia que ali estava a ser humilhada - e isso não deve regozijar quem se sente solidário com esse projeto. Naquele instante, contudo, tive uma melhor perceção do drama que, nos dias de hoje, atravessa o poder europeu, na sua expressão internacional.
Francisco Seixas da Costa

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