Cá por mim, estou-me verdadeiramente nas tintas se o A casa com o B, se a C namora com a D e assim sucessivamente, nas mais diversas combinações permitidas pelo abecedário e até pelas infinitas combinações numéricas. Homossexualidade? Nada contra, nada a favor. Cada um faz aquilo que entender, desde que não interfira com a liberdade dos outros.
Já agora, gosto mais de batatas fritas do que de sardinhas de escabeche, mais de praia do que de campo, acredito que nem os meus netos vão ver a regionalização e acredito que os políticos não andam todos a gamar. Disse isto à mesa do café...
Mário Barros /homossexualidade-Público
Li este artigo (porque me veio parar ao FB) que foi escrito 'a propósito da eleição de João Caupers para a presidência do Tribunal Constitucional, no passado dia 7, e de um artigo de Fernanda Câncio, sobre um artigo que ele escreveu em 2010'.
Este é um apontamento, não sobre a nomeação de João Caupers nem o que ele disse ou o que Câncio disse, mas sobre este artigo que fala de haver muitos comentadores de café. Chamou-me à atenção o final do artigo, nomeadamente o penúltimo parágrafo onde diz que tanto lhe faz isto ou aquilo porque, cada um faz aquilo que entender, desde que não interfira com a liberdade dos outros.
A questão que ele não considera e que é fundamental, é que esse argumento, 'o que dizes ou fazes interfere com a minha liberdade', é a base de quase todas as discórdias e de muita intolerância e é com base nessa ideia que se tenta condicionar a acção alheia: 'as caricaturas de Maomé desrespeitam o direito à liberdade da religião, na medida em que a atacam '; 'o aborto também e ainda a liberdade do pai ter acesso a um feto que também gerou'; 'a homossexualidade interfere com o respeito e liberdade da família tradicional, na medida em que a desvaloriza', etc.
Portanto, o seu grande argumento de cada um fazer o que quer desde que não interfira com a liberdade do outro, vale zero, porque o que é polémico é justamente a interpretação do conceito de liberdade e o seu perímetro individual e social dado que vivemos em sociedades.
Tens toda a razão! Em França, a não aceitação do uso do véu islâmico tinha a ver com o facto de a liberdade das muçulmanas estar a interferir com a liberdade de toda uma sociedade que não usa o véu.
ReplyDeleteContudo, neste caso da homosexualidade, penso que o que está em causa são mais as liberdades individuais e não coletivas. Ou seja, se alguém gostar de homens ou de mulheres é uma questão do foro íntimo, privado. Não afeta a sociedade. É claro que isso implica que não exista exibicionismo dessa homossexualidade, o que coarta a liberdade dos homossexuais. Enfim, isto, no fundo, acaba por ser complexo. Pelo menos para algumas pessoas. Para mim, sinceramente, não me preocupa nada.
sim, mas a questão é esse argumento de faz o que queres desde que não interfiras com a minha liberdade obriga é fundamento de muita censura, com o pretexto de cada um se sentir ferido nos seus direitos e liberdades pela acção dos outros. Portanto, esse não pode ser o unico e principal argumento nestas questões.
ReplyDeleteO caso das muçulmanas acontece por sabermos que o argumento dados pelos muçulmanos de que elas é que querem e são livres é um falso argumento, pois quando elas recusam usar o véu são perseguidas e castigadas, de modo que o uso do véu é um dos instrumentos de opressão das mulheres.
Está a confundir as coisas para atacar o escrito do indivíduo. Está a confundir opções de vida com opiniões, crenças, etc. A liberdade não é um valor absoluto, do mesmo.modo que o "É proibido proibir" constitui a maior proibição de todas.
ReplyDeleteAs opções de vida não se constroem sobre crenças e opiniões? Uma pessoa que acredite em Deus não constrói a sua vida sobre essa crença? uma pessoa que acredite no direito das mulheres serem donas do seu próprio corpo não constrói a sua vida sobre essa crença?
ReplyDeleteNão estou a atacar a escrita dele -o modo como escreve não está em questão- mas a validade do argumento que ele usa.
E fundamentei a minha critica com os factos: na realidade, quando temos que parar para respeitar a liberdade do outro, dito assim como ele o diz, o que a história mostra é que, se o outro tem um perímetro de liberdade muito grande ou absurdo, até, tudo o que fazemos o ofende e é entendido como invasão sua liberdade.
Se o meu conceito de liberdade individual for do tamanho do mundo, os outros só vão ser livres na estratosfera....
ReplyDeleteexactamente...
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