January 13, 2021

Nunca sabemos de onde vêm as lições

 


Tenho na lista de amigos do FB muitos ex-alunos. Um deles é um rapaz que foi meu aluno há uns 13 ou 14 anos, numa turma de um curso de Desporto. A turma era terrível no 10º ano e arranjou tantos problemas aos professores que ninguém os suportava, de modo que só eu e outro professor ficámos com eles no ano a seguir. Por essa altura já me dava tão bem com eles que nem me passaria pela cabeça largar a turma. No 10º ano, no entanto, por duas ou três vezes me fizeram perder a cabeça e nessas alturas em que me fazem perder a cabeça, que são raras, mas acontecem, tenho a tendência de me saírem pela boca fora muitas verdades, ditas à bruta e, pior, ditas às vezes com sarcasmo corrosivo. Lembro-me de perder a paciência várias vezes com este rapaz e uma das vezes com uma frase que ainda hoje me persegue. Não dava nada por ele. Pois agora, quase todos os dias ele e a vida dele me batem na cara, por assim dizer. Não é que tenha um sucesso extraordinário, mas tem uma boa vida. É casado, tem uma filha e está à espera de outro filho. Ele e mulher gostam mesmo um ao outro e apreciam-se. Isso vê-se. Trabalha com imenso entusiasmo, sempre sorridente e bem disposto. O tipo de pessoa em que se tornou é algo que nunca esperaria. Erro meu a ajuizar. Vejo-o por lá pelo FB com frequência e de cada vez que o vejo, vejo o meu erro. É um marcador pedagógico. Uma grande lição.


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