Isto dá que pensar

 

Obama escreve algures num capítulo anterior que a História é feita por todos nós, pelas decisões e actos de cada um de nós, o que acredito, embora, claro, alguns têm mais poder para influenciar os rumos da colectividade mas, mesmo esses, só têm esse poder porque deixamos que o tenham e o exerçam. 

Aqui, na 1ª visita que fez a Moscovo em 2009, Obama escreve as impressões da Rússia de Putin, cada vez mais parecida com a Rússia soviética e acrescenta que Putin é um autoritário, não forçado - bem, se fosse hoje já não escrevia isto, porque ele mudou muito nas suas estratégias e já não tem a mesma popularidade que tinha, mas a verdade é que naquela altura tinha-a. Os russos gostavam dele por ser um líder que fazia a Rússia aparecer como um caminho para a sua antiga glória, mesmo se essa glória foi construída sobre o terror e a morte de dezenas de milhões e a pobreza de um número ainda maior. 

Isto dá que pensar: porque é que as pessoas gostam e são cúmplices destes líderes que lembram os antigos de que se livraram com tanta dificuldade e que tiveram um papel tão nefasto na História? Porque se sentem engrandecidos por contágio e isso é o que mais prezam: a ideia de superioridade e de estarem acima dos outros.

As pessoas que acreditam na reencarnação pensam sempre que são a reencarnação do Napoleão, da Cleópatra ou outro personagem do género. Nunca vi alguém dizer que é a reencarnação de uma lavadeira ou de um soldado raso. Também se vêem como leões, tigres, dragões, lobos, touros, águias... num vi alguém dizer que o seu espírito animal é uma galinha ou uma ovelha, mas no entanto, a maioria das pessoas são gregárias, muito sociais, seguidistas, obedientes a um galo ou um cão pastor. Isso não denota um grande desejo de grandiosidade? É como o excepcionalismo americano e o excepcionalismo britânico e o excepcionalismo francês e o excepcionalismo alemão e o excepcionalismo russo... 

Enfim, este livro é enorme e hoje vou parar por aqui.