January 12, 2021

Este comentador pensa sempre em termos individuais

 


Vive numa bolha mental. Diz ele que a decisão de 'não fechar o país' teve o apoio generalizado dos portugueses. Não sei onde é que ele viu isso porque ele também não diz. É uma impressãozinha que ele tem... 

Se a decisão não foi tomada na ignorância mas no claro conhecimento das consequências ainda foi pior no sentido de mais irresponsável porque o que está em causa não é as pessoas terem ido ver o pai ou o amigo doente, pois já o faziam antes, quer dizer, quem tem pais tem visitado os pais e não é daí que subiram os casos de covid-19 assim como não o é dos adultos responsáveis, como eu, por exemplo, que tenho uma família bastante grande mas este ano vimo-nos pela internet, casa família em sua casa. Não, o problema está em todos os outros que não ligam nenhuma à pandemia, até acham ser uma conspiração mundial para por chips debaixo da pela às ordens do Gates ou algo do género e que se juntaram aos 20 e 30 para fazer a festa.

A responsabilidade está em perceber: primeiro que é melhor ter um Natal onde a família não se junta do que ter o próximo com a família morta, e segundo, que a nossa economia depende grandemente do turismo e suas subsidiárias, que o sector está com a corda na garganta e que ter agora mais de um mês de confinamento pode ser a morte de muito negócio de hotéis e restaurantes, sendo que, se tivesse havido cuidado, estaríamos a caminhar para uma primavera de diminuição de casos e de recuperação económica desse sector.

Portanto, se a decisão foi tomada sabendo-se antecipadamente dos resultados catastróficos que teria, ainda foram mais irresponsáveis do que parecem, mas este senhor não pensa nessas coisas da vida dos outros, a não ser abstracta e ideologicamente e o governo só pensou nos votos.

O preço de sermos humanos não tem que ser, sermos irresponsáveis e estúpidos.


O preço de sermos humanos
Daniel Oliveira

O Governo decidiu não fechar o país no Natal e o apoio pareceu-me generalizado. Como diz Henrique Barros, “as pessoas foram visitar o pai, o velho tio ou um irmão doente ou um amigo. Fizeram-no, porque são seres humanos”. A decisão não foi tomada na ignorância. Sabíamos que o resultado seria um aumento de infetados em janeiro. Quem, como eu, a maioria das forças políticas e a maioria das pessoas, defendeu esta opção não pode vir agora bramar contra o confinamento. Assumo as minhas responsabilidades: quis a maior abertura no Natal. Isto é uma corrida demasiado longa e não é possível cortar com todos os domínios da vida em todo o momento. E sei, porque sou adulto, que isso tem um preço.


2 comments:

  1. Concordo: então o pregador sem batina tem consciência dos riscos e decide corrê-los? Faz bem, desde que isso não implique a vida dos outros. Se me quero embebedar até entrar em coma, o problema é meu e só me afeta a mim, se excluirmos os bombeiros e o pessoal médico que terá de certificar a minha estupidez.

    Outra coisa é pegar num carro e ir para uma estrada completamente ébrio, pois não só ponho a minha vida em risco, como também a dos outros.

    Mas estas gente, como diz, vive numa bolha mental, na qual prega, prega e prega...

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  2. sim, este é um dos grandes 'evangelistas' :)

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