Um é político. Acontece que a autarquia aprovou um plano de instalação de painéis fotovoltaicos na herdade que implicava a limpeza do terreno: de árvores, o que foi feito em primeiro lugar e de animais, cuja presença é incompatível com a instalação. Daí que tenham organizado uma caçada, mas desta vez para abater todos os animais, portanto, aproveitar e matar dois coelhos de uma cajadada: fazer desaparecer os animais e lucrar com isso, em vez de ter os custos de os transportar para outro lado. Li que lucraram 50 mil euros. Agora vão tirar-lhes a licença de caça... que lhes interessa isso se já não há lá caça? Portanto, a autarquia foi conivente com isto tudo, porque saberia, ao aprovar o plano, o que isso implicava.
O segundo é ambiental. Não estou por dentro do plano da instalação mas parece-me evidente que, a ser útil e benéfica, devia ter-se acautelado a vida animal e vegetal. Hoje em dia não é necessário abater árvores com valor de biodiversidade e sustento de vida animal (esquecemos-nos que as árvores são o lar de muitas espécies animais que nelas vivem e nidificam) e que as raízes são importantes na hidratação dos solos e outras coisas que ultrapassam o meu conhecimento. Quanto aos animais, há dezenas de herdades para onde podiam ter sido transferidos, vendidos, o que fosse, quer dizer, não devia ser possível massacrar mais de meio milhar de animais, só porque dá jeito. Mas é. Neste país só não é possível a justiça social. Tudo o resto se compra e vende... hoje comprei a revista Sábado por causa das histórias de tantos autarcas suspeitos de crimes.
O terceiro é pessoal, individual. Tanto os donos da herdade como as famílias que foram para lá massacrar animais encurralados, sem árvores, sequer, onde esconder-se, são pessoas sem o menor respeito pela natureza e pela vida animal -ainda estão em meados do século passado, embora tenham metade da minha idade- que tratam os animais como coisas, objectos do prazer e ensinam os filhos, com quem posaram nas fotografias, o desprezo e a falta de humanidade para com os outros seres vivos. E isso, a seguir a terem massacrado tantos animais, é o mais triste, porque esses miúdos são as gerações futuras.
O massacre da Torre Bela ou a impunidade da elite da caça
Que se apurem responsabilidades e que a morte destes mais de 500 animais sirva para, finalmente, se encarar de frente este grave problema responsável pela destruição de biodiversidade, pelo extermínio de espécies fundamentais para o equilíbrio ecológico e para a sobrevivência de espécies ameaçadas, como o lobo ou o lince, que vêem as suas presas aniquiladas pela caça.
Eles é que são todos uns animais...
ReplyDeleteFoi suave: isto foi um massacre, motivado pelo prazer de matar por parte dos envolvidos.
ReplyDeleteEssas «pessoas» gostam de matar. Como liquidar seres humanos lhes traria algumas «chatices», vingam-se nos animais.
gente bruta
ReplyDeleteisso não sei
ReplyDelete