PP, vê-se, quis argumentar contra a comparação entre a geringonça do Continente e a dos Açores (as comparações agora, em vez de serem adequadas ou inadequadas são classificadas como perigosas e proibidas e as pessoas rasgam as vestes e clamam ¡ignomínia). Puxou pela cabeça, puxou, mas o resultado é um tiro pela culatra.
Senão vejamos: ele quer dizer que o PCP e o BE, são diferentes, em perigosidade, do Chega. Então como faz isso? Explica que sim, que estes partidos têm um programa leninista de inspiração soviética, mas que eles já não ligam nenhuma a isso. Está lá no programa, sim, mas para atrair incautos, presume-se, pois eles já não defendem a revolução nem outras determinações do género que fazem parte do programa- ou seja, são desonestos ou no mínimo, aldrabões que defendem uma coisa nas campanhas e propaganda mas depois fazem outras coisas completamente diferentes e de acordo com a democracia que temos. Já o Chega, diz ele, acredita no programa que defende. LOL
PP não vê o que aconteceu ao seu argumento? Como dizia Platão, no Fédon, uma das maneiras de vermos se as nossas ideias têm fundamento é segui-las até às suas consequências e ver se chegamos a absurdos. O que foi o caso, pois, segundo PP, para não se votar no Chega, tem que ir votar-se em partidos com políticos desonestos que apresentam um programa, mas depois fazem o oposto e são iguais aos outros de outros partidos com outros programas... será que o senhor entendeu que é exactamente esse o problema que leva tanta gente a votar no Chega? Ter essa percepção de desonestidade e indiferença com os eleitores por parte dos políticos dos partidos normalizados na democracia que temos?
E não interessa dizer que quem vota neles sabe que está a defender a violência doméstica porque isso é demagogia e o senhor sabe isso muito bem: milhares de pessoas votam no PSD que é contra a eutanásia e a IVG. Ou no CDS. Ainda ontem ou antes de ontem ouvi Varoufakis a dizer que era melhor que Trump ganhasse para poderem depois fazer as suas reformas de um modo sólido: quer isso dizer que ele defende Trump e as suas violências e abusos sexuais? Claro que não. É uma estratégia que mostra bem o descrédito em que caíram os programas políticos e os que os defendem.
Portanto, a comparação ainda se mantém, visto que até agora, que eu visse ou lesse, ainda ninguém soube argumentar contra ela. Eu cá tenho argumento, mas não me cabe a mim dizê-lo.
No comments:
Post a Comment