... obriga a estar sempre a testar os fundamentos. Pensei isto a propósito de uma formação que estou a fazer (é a 2ª - esta serve para ampliar horizontes num tema que conheço por fora mas não por dentro) e começou hoje. Só entre parêntesis, há colegas ali que estão a pé desde as 5 da manhã porque trabalham longe de casa e tiveram um dia cheio de aulas e ainda reuniões. Estavam exaustos, apesar da formação ser muito interessante, mas foram 3 horas de informação. Aliás a formação ainda não acabou mas esta última hora das 9 às 10 é assíncrona e já estou cansada.
Mas enfim, a propósito de um assunto que lá se falou, pensei neste aspecto do ensino da filosofia nas escolas: a filosofia académica, nas universidades, é desenvolvida a um nível onde já ninguém discute a legitimidade dos seus 2500 anos de história, nem os fundamentos que vêm com ela. São dados como garantidos e os profissionais quando discutem, é já ao nível de abstracções de abstracções de abstracções.
No entanto, nas escolas, a filosofia é uma novidade para os miúdos e nós estamos a ensinar o básico. Mas o básico, na filosofia, é o mais importante: são os fundamentos. Como os miúdos não têm nada como garantido, põem tudo em causa, questionam tudo, até os pressupostos mais básicos e obrigam-nos, nesse chão incerto, a argumentar ao nível dos fundamentos de um modo vivo e a ser capaz de mostrar como é que esses fundamentos se legitimam no mundo humano. Daí que, um professor possa estar, a certa altura, fora dos últimos conceitos de um assunto qualquer -e isso é uma desvantagem-, mas está sempre, se leva o trabalho a sério e pensa, dentro das questões mais importantes do Ser a testar e consolidar fundamentos - e isso é uma vantagem.
No comments:
Post a Comment