October 17, 2020

Não há professores

 


Um problema que já vimos anunciando há anos, pelos blogues, por sites ligados à educação. Anos e anos. Os governos não fazem nada. Isto tem vindo a piorar desde a Rodrigues que espantou muita gente da profissão e atingiu o auge durante os anos de troika onde se dispensaram cerca de 30 mil professores. Ora, "como ninguém está à espera sentado durante 10 anos que o voltem a chamar", esses professores foram arranjar outras profissões. Os professores desempregados são altamente desejados nas imobiliárias, que os tratam bem. Depois veio o governo do Costacenteno com muita conversa dos males que a troika fez mas não gastaram um tostão com a educação e até passaram o tempo a hostilizar os professores. Escolheram uma equipa de educação de ser moços de fretes. O ministro não faz nada, nem sabe o que fazer. O SE tem uma visão infantil, não-democrática, da educação. Agora estamos nisto.

Este governo, que vai na segunda legislatura, ja tinha tido tempo de valorizar a profissão e mudar alguns aspectos (que explicam, por exemplo, porque estou em casa e não no trabalho) que estão a implodi-la. Podíamos agora ter licenciados a sair das universidades com o estágio profissional. Mas não. Essa especialidade está às moscas e ninguém a quer seguir dado o horror que todos vêem ser a carreira de professor. 

Talvez um dia o primeiro-ministro sinta um pressentimento de que é preciso não destruir os professores porque sem eles não há escola. A escola é para os alunos, sim, mas não existe sem os professores. Sabemos que têm a utopia de ter uma escola com robots, que trabalhem 24 horas por dia sem salário e sem pensamento próprio, mas isso é uma utopia.


Professores procuram-se em Lisboa. Escolas não conseguem recrutar, turmas ao abandono

Manuel Pereira, presidente da Associação Nacional de Diretores Escolares, confirma que o problema da falta de professores está maioritariamente circunscrito a Lisboa. “Às vezes, como a maioria dos professores disponíveis é do Norte, não estão disponíveis a ir trabalhar para a Grande Lisboa. Não ganham para as despesas, tem a haver com isso”, diz.

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Nesta altura, há milhares de alunos sem professores a várias disciplinas, especialmente na zona da Grande Lisboa. Uma situação que André Julião até compreende, porque têm “sair da área de residência, das zonas do Porto ou de Aveiro, para dar aulas nos distritos de Lisboa ou de Setúbal e ainda ter de pagar do próprio bolso os preços exorbitantes de uma casa ou de um quarto, muitas vezes sem ter um horário completo”.

André Julião lamenta que o Governo não tenha acautelado este cenário ao mesmo tempo que critica o facto “dos professores não terem direito a subsídio de deslocação, como, por exemplo, os deputados da Assembleia da República”.

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