October 14, 2020

A solidão humana



O boxer de bronze em repouso , também conhecido como Terme Boxer ou Boxer do Quirinal , é uma escultura grega helenística de um boxeador nu sentado em repouso, ainda usando seu caestus , uma espécie de envoltório de couro para as mãos. c. 330 a 50 AC (wiki)

Esta escultura é magnífica. Ouvi uma pequena entrevista acerca dela muito boa.

A escultura representa a solidão humana. Aqui está um boxer após um combate em que foi derrotado. Sabemo-lo por causa das cicatrizes sangrantes, o sangue que a começar a coagular nas narinas. As mãos ainda envolvidas nas tiras de couro que as protegem, estão caídas uma sobre a outra, em abandono. O corpo ainda tenso, na perna estendida, mas prestes a encolher-se. Está sentado com os ombros descaídos em posição de derrota e volta a cabeça com uma expressão de total angústia e incompreensão, os olhos fundos a fechar a expressão, como quem está a ouvir os vivas de aclamação da multidão. Mas não para si. Está só com a sua angústia, o seu medo e a sua derrota. Tão só como estava em cima do ringue, tendo que contar apenas consigo e mais ninguém. É um combatente experiente: dizem-nos as cicatrizes espalhadas pelo corpo, o nariz partido, as orelhas com aquele formato de couve-flor próprias de quem já jogou muitas vezes desportos violentos - como têm os defesas no râguebi. 
Não fala connosco na sua solidão e angústia, mostrando-nos um espelho da nossa, antes e depois do ringue da vida, com as suas vitórias e finalmente, a última derrota?
A arte grega tem em comum com muita arte flamenga ter um cariz muito filosófico: a maneira como são capazes de pôr o universal no particular. É magnífica e comovente como uma existência humana.








 

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