Vermo-nos como animais não degrada a nossa humanidade e é a única maneira de nos integrarmos de modo sustentável no planeta. Pensarmo-nos opostos aos animais é o que sustenta comportamentos de destruição e controlo abusivo do planeta.
O dedo de um chimpanzé e o dedo de um humano são idênticos em quase todos os aspectos. Sim, há uma diferença evolutiva qualitativa na oponência do polegar, mas é uma evolução, não uma invenção. Não descendemos de primatas, somos primatas. Não somos uma raça, somos uma espécie. Somos animais mamíferos. Somos um produto da natureza e fazemos parte dela.
Uma situação que me causa estranheza é ver os alunos chegarem ao 10º ano e praticamente não terem ouvido falar de Darwin e da Teoria da Evolução que é uma teoria fundamental de todo o conhecimento actual. A 'Evolução', que nos põem dentro da Natureza e da animalidade, muito mais que qualquer disciplina de cidadania, abre uma porta de compreensão enraizada para a questão da sustentabilidade ambiental e da diversidade humana: normalidade da diversidade na sexualidade, na adaptação a um contexto bio-socio-cultural, no instinto de poder e controlo, na agressividade e muitas outras características do animal humano reflectidas nos problemas do mundo humano actual. Não entendo como pode não ser uma prioridade no ensino da biologia.
A Psicologia é outra ciência que também abre uma porta de compreensão para o comportamento animal-humano e devia ser obrigatória e não de opção, no 12º ano. É uma disciplina que fornece aos alunos instrumentos para compreenderem a origem e padrões dos seus comportamentos e dos dos outros e para poderem modificá-los. Aliás, estou convencida que muitas explicações em muitas ciências que implicam o animal humano falham devido a não levarem em conta o psiquismo humano. O marxismo sendo o exemplo mais óbvio mas não o único.
Parece-me uma grande falha (a maioria das pessoas ainda pensa que a palavra 'ciência' só se aplica à matemática, à física, à química e mais recentemente à biologia e que todos os outros conhecimentos são uma espécie de cultura geral sem grande consequência, o que é inacreditável, mas é verdade e, pior, transmitem esses preconceitos que têm origem em Wittgenstein e no positivismo que daí cresceu, aos alunos) que certamente mudará -espero- quando a Psicologia sair da idade de infância em que ainda se encontra.
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