September 27, 2020

Iniciativas positivas

 



Tudo o que possa fazer-se para sair deste 'mesmismo' sem debate e sem participação da população é bem-vindo. E já que os políticos em exercício não fazem a sua parte e tentam, sempre que podem, fechar os canais de participação da população, a população que abre brechas no muro e os obriga a ouvir, tem mérito.


Personalidades criam associação para debater problemas dos portugueses

Esta associação, que nasceu devido à falta de participação cívica dos portugueses, tem como objetivo "a reflexão, elaboração de estudos e a promoção de debates que contribuam para reforçar a sociedade civil portuguesa para uma maior intervenção desta junto dos poderes públicos sobre temas que tenham a ver com desígnios nacionais".

Na conferência de imprensa de apresentação da associação, Vítor Ramalho sublinhou que os portugueses "estão arredados da participação", como foi o caso da alta taxa de abstenção nas eleições legislativas de outubro de 2019 (45,5%).

"Preocupados com o crescente abstencionismo nas eleições que sobe de eleição para eleição e atinge patamares que não é aceitável quando se exige participação", disse, para justificar a criação desta associação.

A primeira iniciativa da associação vai acontecer a 05 de outubro, na Fundação Calouste Gulbenkian, com o debate subordinado ao tema "Portugal -- que prioridades para o futuro?" e que tem como um dos oradores António Costa Silva.

Vítor Ramalho afirmou que este é o primeiro debate, mas vão acontecer outros sobre defesa, justiça, economia e educação.

Outro dos fundadores da associação, Ricardo Paes Mamede, economista e professor no ISCTE, sublinhou que "há uma falta muito grande de debate estratégico em Portugal" e "uma grande fragilidade do aparelho do Estado para conduzir esse mesmo debate".

"Assistimos isso nos últimos meses. O país perante a necessidade de fazer um esforço de utilização de fundos estruturais, como nunca se viu, sente-se mal preparado para o fazer e sente-se inseguro em relação a essa necessidade. Isto reflete um país que está mal preparado para enfrentar o futuro, está mal preparado ao nível do aparelho do Estado, mas também se tem revelado ao nível do debate público e ao nível da participação dos cidadãos", sublinhou.

O docente universitário explicou que as pessoas se juntaram em torno deste projeto para contribuíram para um debate com questões sobre o futuro coletivo da sociedade portuguesa nas várias áreas.

Segundo Ricardo Paes Mamede, os partidos políticos não se sentem muitas vezes vocacionados para fazer estes debates, porque "não têm retornos eleitorais no curto prazo, mas são decisivos para o futuro".

Vitor Ramalho recusou ainda a ideia de que esta associação poderá transformar-se num partido político no futuro.

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