September 27, 2020

Esta frase encerra toda uma política



Este ano, dado os exames terem sido feitos à balda por causa do Covid-19, entraram dezenas de milhar de alunos para o ensino superior. O ministro sabe disso, tanto que vem a terreiro dizer que é preciso ter menos abandono, ou seja, ele sabe que estas entradas são fictícias e que o mais certo é os alunos não passarem do 1º ano. Então vem avisar os professores que não quer 'abandonos', ou seja, não quer chumbos, porque dificilmente terão outra oportunidade de relaxamento como esta para enfiarem um canudo na mão de milhares de jovens. 

Esta frase encerra toda uma política: as universidades servem, ou para dar certificados ou para se construir uma rede de 'ligações perigosas' com vista à Dona Cunha. As universidades, pese embora sempre tenham tido redes de cunhas, eram, acima de tudo, instituições onde se avançava no conhecimento. Agora são uma espécie de fronteiras onde se carimba um passaporte.

Não admira que nas escolas já comecem a substituir o trabalho sério sobre o conhecimento por disciplinas de catequese embuçada. De facto, se é tudo um embuste, para quê ter professores que trabalhem os assuntos no contexto dos conhecimentos se podemos ter um único mestre-escola a proselitar sobre tudo e mais um par de botas?


“Hoje temos mais estudantes, no próximo ano temos que ter menos abandono”

O Governo estima que cerca de 95 mil estudantes entrem no ensino superior este ano, conjugando todas as vias de acesso, tanto no ensino público como no privado. É “uma oportunidade única” para qualificar os mais jovens, defende o ministro Manuel Heitor.


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