Isto fez-me lembrar duas situações. a primeira tem a ver com uma pergunta que às vezes me fazem sobre se já li os livros todos que tenho em casa -é claro que não, devo ter lido uns 80%- e porque compro mais livros antes de ter lido todos os que tenho para ler. Bem, é evidente que os compro porque quero lê-los e espero ter tempo e oportunidade. Há pouco tempo li um artigo, já não sei onde, onde se dizia que uma biblioteca revela o tipo de pessoa que se é, nomeadamente nos livros que estão por ler pois são prova do espírito de curiosidade e da consciência da própria ignorância e da necessidade de compreender e evoluir. Nunca tinha pensado nesse aspecto da questão.
Em segundo lugar, a expressão, pitching above your head, exemplifica muito bem uma das estratégias da leccionação que é lançar bolas sempre um bocadinho mais rápidas que a perícia dos alunos. Não demasiado rápidas para que não desistam de as atingir, mas suficientemente rápidas para que tenham de incomodar-se e esticar-se todos para as apanharem.
Esta experiência que Steiner conta acerca da leitura de Heidegger já todos a tivemos com um ou outro ou vários autores cujos livros deixámos a repousar até a mão ganhar perícia para os apanhar. Aliás, se não tivemos é mau sinal: é sinal de que nunca fomos além do que já sabíamos.
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