Costa Silva não tem dúvidas, no entanto, de que um dos problemas de Portugal é ter “muitos eus” e “poucos nós” e que isso é uma dificuldade na altura de fazer reformas.
Isto, dito por uma pessoa que não tem problemas em assumir sozinho substituir-se a 10 milhões de cidadãos com um governo gigantesco eleito, com uma administração pública cheia de especialistas e por aí fora... eu, eu, eu...
Esta entrevista é um desfiar de slogans e conversa de café, mais frases repetidas milhares de vezes pelos políticos, como num exercício de retórica eleitoralista, mas má:
Precisamos de uma visão estratégica, senão estamos sempre a reagir e é muito fácil sermos dirigidos pelos acontecimentos em vez de os dirigirmos. Há sempre aquele pensamento do filósofo Séneca: quando o navio não sabe o seu destino, todos os ventos podem ser favoráveis ou desfavoráveis.Mas esse é um dos grandes problemas das nossas democracias, que não estão preparadas para desenvolver projetos a longo prazo: são baseadas nos ciclos eleitorais, têm de responder aos eleitorados, têm de se confrontar com os problemas quotidianos, têm a pressão imensa da galáxia dos meios de comunicação social, que faz bem o escrutínio. Temo que haja sempre uma reatividade ao presente e nunca um olhar para o futuro.
Na opinião deste sujeito, um dos problemas da democracia é terem de prestar contas e resolver os problemas das pessoas. Isso para mim são virtudes da democracia, não problemas.
Proponho que, quando há vários organismos envolvidos, haja um interlocutor único do Estado com as empresas. Uma espécie de loja do cidadão para as empresas. Se vamos ter os fundos e vamos manter este registo, uma administração pública que não responde na hora e está viciada em dar pareceres muito reativos e defensivos... É preciso mudar o paradigma em que nos movemos. Isso é decisivo para aplicar pelo menos alguns passos do plano.Pois, venha daí um super-ministro com controlo total para as decisões não serem partilhadas e ser tudo, eu, eu, eu e como a administração pública não responde na hora, tira-se-lhe o tapete. Se calhar não responde na hora porque os gabinetes estão cheios de filhos do pai e da mãe mais pagamentos de votos em forma humana a substituir os funcionários de carreira que lá estavam.
Trabalhei muito de perto com o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, e não há dúvida que tem uma visão importante para o futuro. Há muitos outros que podia citar, mas numa equipa é sempre como numa equipa de futebol: há os que defendem, os que atacam, os que visualizam o jogo, os que marcam golos...Mais conversa de café com bola à mistura.A única coisa que digo é que estou genuinamente preocupado. Olho para a economia portuguesa e é uma devastação impressionante, mas também uma grande capacidade de respostaMais conversa de café...Não sou favorável a despejar dinheiro em cima dos problemas, mas temos certas empresas que são absolutamente estratégicas para o futuro, como a Efacec.De repente a Efacec é o alfa e o omega do país...Sim, é importante termos uma empresa como a TAP. Mas o paradigma vai ter de mudar muito.
Uma das coisas que me preocupa é que a UE prepara-se para proibir voos até 600 quilómetros e já se discute até 1000 quilómetros. Por isso defendo a alta velocidade entre Lisboa e Porto.Mais conversa de café, aqui para defender o TGV.Sim. O país pertence a todos, o PSD é um grande partido da democracia portuguesa... Todos têm de se envolver no projeto, discutir, pôr as suas ideias... Não me compete, mas acho que estes planos só funcionam se houver uma grande convergência nacional. O papel dos partidos é absolutamente indispensável. Amanhã os ciclos políticos alteram-se e uma das coisas muito graves é que de cada vez que há uma alteração do ciclo político recomeça-se quase do zero.Deixa-me rir... isto dito por um fulano que se gaba de sozinho ter feiro 'o' plano estratégico do país e depois de feito é que foi ter umas conversas com uns ministros para não parecer mal.
Com questões como os incentivos às empresas, há margem para os partidos à esquerda também entrarem nessa convergência?Isso é sempre a dificuldade da política... O que me foi pedido foi o que vamos fazer no day after, não como o vamos fazer. Essa parte compete ao Governo e aos partidos.Portanto ele tem um plano desligado da realidade do país, nem quer saber disso para nada... meu deus...Se daqui a dez anos pudermos dizer que construímos a rede ferroviária, ligá-la a Espanha e à Europa, apostámos nos nossos portos e digitalizámo-los, apostámos na requalificação das pessoas, fizemos a transição digital pelo menos na administração pública, continuámos a investir na ciência e tecnologia e ainda fizemos a reconversão industrial, penso que aí poderemos dizer que fizemos alguma coisa. Se daqui a dez anos continuarmos a discutir para onde vai o país, aí a nossa história é trágica e irresolúvel.Repete os lugares comuns que outros já repetiram um milhão de vezes... Pergunta: este sujeito recebeu dinheiro por fazer este 'plano'? Se sim, quanto? Gostava de saber.Chegou a reunir com Mário Centeno?
Estava previsto, mas infelizmente saiu do Governo. Mas tive já muitas interações com o novo ministro das Finanças.Já teve interacções como o novo ministro? Interacções? Que quer isto dizer? Foram jogar ténis?Guardo conversas extraordinárias, umas muito boas, outras menos boas. O que vos posso dizer é que vivemos num país que é pequeno mas muito complicado. Somos um país de muitos eus e pouco nós. E temos eus muito insuflados, sabe? Se as pessoas fossem mais modestas, humildes e colaborativas, podíamos mudar completamente a nossa história. Somos excecionais na anormalidade e medíocres na normalidade. Quando a crise passar, cada um vai ficar nas suas torres de marfim e vai-se dialogar pouco. Assim não vamos a lado nenhum.Este excerto até assusta. Um sujeito, porque fez dinheiro a gerir empresa de petróleo, acha que está, sozinho, capacitado para resolver os problemas do país, mas diz que os outros é que são pouco humildes e insuflados e não colaboram...? Isto é uma conversa da treta com frases sem significado nenhum como dizer que Somos excecionais na anormalidade e medíocres na normalidade. Que parvoíce de frase inconsequente...Há dois tipos de pessoas no nosso país: as que estão apaixonadas pelo nosso país, que não desistem, e depois as que estão extremamente amargas.Mais conversa de treta... se calhar as amargas são o povo todo que come com as vossas políticas financeiras e económicas desastrosas, cujos lucros encaixam e os custos endossam ao povo.Onde fica o PM nessa escala?
... é o nosso referencial.
'O nosso...?' Ainda agora começou a falar publicamente e já fala por todos nós?
Mais conversa de café, para não dizer que é uma conversa podre e que cheira mal, já defendida pelo Pedro Passos Coelho, pelo Vitor Gaspar e pelo Costascenteno. O grande plano dele, no fim, vai dar ao esmo que os outros: austeridade para o povo.
Acredita que é possível sair desta fase sem austeridade?
A palavra austeridade está um bocado inquinada no debate político em Portugal. Se for no sentido de termos contas públicas absolutamente controladas, eficiência nos gastos, redução de gorduras e más aplicações de dinheiros públicos, sermos absolutamente inflexíveis no seu controlo... se isso é austeridade, é necessária austeridade.
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