Um tema que anda a ocupar em permanência uma das windows abertas na minha mente é o da nostalgia, mais propriamente, como se pode ter nostalgia de sítios, tempos, realidades, situações que nunca tivemos, isto pressupondo -embora sem certezas, aliás com muitas interrogações- que a nostalgia é diferente da saudade, em que esta é a falta do que já se teve e a nostalgia é a falta do que nunca se teve ou terá, como aparece bem retratado nas pinturas chamadas, muitas vezes, 'ruínas antecipadas' de, Lorrain, Church, Hubert Robert ou Panini, por exemplo.
Hoje de manhã fui dar com um artigo acerca deste tema, mas que o aborda de um ponto de vista político, quer dizer, como os políticos se usam das distorções da memória nostálgica (o querer voltar a um tempo em que a realidade era melhor, supostamente) para fazer propaganda populista. Embora interessante, em si mesmo, não é o aspecto que a mim me interessa. Interessa-me o aspecto psicológico e filosófico do assunto.
Andava aqui a ler umas fontes que deixei abertas no computador (neste momento tenho 32 janelas abertas no pc - metade são artigos sobre este assunto - se os guardo nos marcadores nunca mais os leio) quando fui dar com esta pintura que faz lembrar as pinturas de 'ruínas antecipadas', por causa do arco mas com um elemento apocalíptico por causa do contexto diluviano:
Fui pesquisar o nome do autor e dei com a pintura seguinte, ainda mais impressionante:
Fiquei com curiosidade em ouvir a música do dito álbum. Faz bastante tempo que deixei de estar a par do que se faz nesse género de música e só ouço, e pouco, bandas que já passaram o seu tempo, por assim dizer. Bem, fui dar com o álbum destes indivíduos, muito diferente do que costuma ser a música metal.
O disco tem cerca de uma hora e meia com duas partes, 00:00, As Above e 48:03, So Below. Começa com o som de sinos e um tom de beat profundo que lhe dá a atmosfera apocalíptica, mas depois evolui para uma espécie de coro a evocar a religiosidade de monges e uma atmosfera nostálgica.
O álbum é muito longo e a evolução é tão lenta que em vez de despertar emoções, desperta um estado de consciência meditativa, tal como as pinturas de Rothko, onde parece que nada se passa. Aliás, quando penso que são pessoas que estão a tocar a música, parece-me que devem estar num estado de consciência alterada para a tocarem desta maneira etérea.
Enfim, afastei-me do tema da nostalgia (hei-de lá voltar) mas descobri um pintor e uma banda que é uma espécie de Rothko musical. Muito bons.
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