July 16, 2020

Como torturar um português



    Para torturar um italiano, parte-se o esparguete ao meio antes de o pôr a cozer. Para torturar um americano, come-se pizza com garfo e faca, para torturar um francês substitui-se a manteiga do croissant por margarina.

    Há muitas maneiras de torturar um português:

  • comeres uma salada sem azeite;
  • cozinhares qualquer coisa sem azeite;
  • pensares que o azeite é a mesma coisa que óleo - declaração de inimputabilidade;
  • não gostares de sardinhas - ninguém se senta a comer contigo;
  • pores ketchup nas batatas fritas - não mereces que tas tenham feito; 
  • fazeres um acompanhamento de arroz sem batatas fritas ou de batatas fritas sem o arroz - és atrasado mental?;
  • pores na mesa um pacote de batatas fritas. Que vergonha. Batatas do pacote nunca se põe numa mesa a não ser como entrada;
  • achares que o arroz Carolino não presta;
  • achares normal fazer um arroz sem refogado;
  • não gostares de arroz - és votado ao ostracismo;
  • não tomares um café depois do almoço - ninguém te há-de emprestar dinheiro;
  • pores leite no chá - estragaste o chá;
  • não gostares de peixe. Arriscas-te a que te ponham um processo em tribunal;
  • não gostares de bacalhau! Suicídio moral;
  • não gostares de marisco. Nunca ninguém te há-de emprestar, nem uma carica, porque não és de confiança;
  • acamares vinhos como se fossem água; 
  • comeres peixe mal temperado: sem azeite, sal e às vezes molho de cebola com azeite;
  • convidares alguém para ir comer a tua casa e não haver sopa. Pior, não gostares de sopa em todas as refeições, seja Inverno ou Verão. Nunca mais és convidado para lado algum;
  • cheirares a comida como um cão;
  • achares que é bom comer peixe frito ao pequeno-almoço;
  • pensares que comer é só para alimentar — Comer é DEUS. É um momento religioso! É o momento de oração prolongada. É onde tu aprecias as pequenas coisas da vida;
  • acompanhares a refeição com leite ou água;
  • não gostares de doces de ovos e bolos conventuais - hás-de ir parar ao inferno para veres como é bom.
adaptado do Gonçalo Melo

2 comments: