Professora de 40 anos morre com coronavírus após se queixar da linha SNS 24
Áurea Silva lecionava Matemática numa escola de Matosinhos. Usou um grupo do Facebook a 21 de março porque não conseguia contactar a Linha SNS 24.
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Alertava para o facto de o marido ser hipertenso, motorista de pesados, poder contaminar terceiros. Dizia que ele já tinha ido ao Hospital de S. João, no Porto, fazer o teste para o coronavírus, que tinha dado negativo. Mas mesmo assim estava assustada e ninguém na linha criada para responder a estes problemas a atendia. A chamada caía após a primeira triagem.
Nesse dia, Áurea já tinha ido - e saído - do hospital. Dia 11 de março tinha sofrido um deficiência respiratória, foi internada, teve alta a 17. Diagnosticaram-lhe início de pneumonia, fizeram-lhe também o teste para Covid-19 a 21 de março. Deu igualmente negativo.
A história de Áurea a partir daí é muito rápida. Voltou a manifestar sintomas, dia 25 fez novo teste no Hospital de S. João, no Porto. Afinal, tinha Covid-19, estava infetada.
A professora só esteve internada três dias. Foi tratada ao vírus - poderá ter sido isso que lhe destruiu as defesas - e não resistiu. O funeral foi terça-feira, em Celorico de Basto, a sua terra natal, mas já tinha morrido no fim de semana.
O marido continua a lutar contra a doença. Já estará melhor, agora nas redes sociais são muitas as manifestações de pesar pela morte da professora. E também os gritos de revolta: onde se diz que as escolas fecharam provavelmente "tarde demais", já a doença estava disseminada. "Agora, em nome dos exames nacionais querem um retorno (só para alguns). Que não lamentemos mais perdas. Sentidos pêsames à família e aos colegas do agrupamento", escreve uma professora num grupo chamado ‘faceprof’ (professores no Facebook).
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