February 29, 2020

Costa é o que sempre foi, não houve mudança



JMT pergunta sobre a deterioração do poder negocial do governo Costacenteno e conclui que ele beneficiava  do papão do PPC e, tendo esse papão desaparecido, o governo mostra-se como aquilo que é: uma geringonça colada a cuspo.
Eu não vejo as coisas assim. A mim parece-me que Costa, desde o tempo de ser ministro de Sócrates e depois, presidente da câmara de Lisboa, sempre foi como agora se mostra -autoritário, egocêntrico, demagogo- só que tem sempre good reviews, consequência de cuidar, acima de tudo, do controlo da comunicação social, coisa aliás que deve ter esmerado aquando do governo de Sócrates, grande especialista na gestão pública da imagem e controlo dos meios de comunicação social.

Portanto, não há nenhum talento negocial especial de Costa e se na legislatura anterior acabou a governar com o acordo do PCP e do BE é porque estes queriam acima de tudo expulsar o PPC do poder, de modo que embarcariam em qualquer proposta. Na última metade da legislatura houve já grandes cisões por causa do autoritarismo de Costa e de Centeno, o dogmatismo com que condenam os serviços públicos à miséria para se curvarem aos interesses de Bruxelas, as chantagens quando são contrariados, a maneira carniceira como lidaram com os professores, os enfermeiros, os médicos, os camionistas, os estivadores, etc., a quem chamaram selvagens, bestas e outros nomes... quer dizer, quando se recorre à agressividade, isso é não é o oposto de poder negocial? E o Centeno? Quem se esquece daquela pseudo-entrevista ao jornal do mano onde veio gabar-se de ser ele quem mandava no governo e não ir dar um tostão a ninguém, nem ouvir ninguém?

Costa enfia todos os primos e amigos nos governos e nos cargos significativos bem como na administração pública e é por isso que leva a sua avante, porque não tem ninguém que o contrarie. O que é que mudou? Está demasiado à vontade no cargo e já não tenta dissimular o que é. Até já oferece pancada e tudo. Esta semana foi para Bragança armar-se em democrata e depois trancou o conselho de ministros e fugiu pela porta dos fundos para não ter de enfrentar os manifestantes e o representante dos professores que queria entregar-lhe uns postais. Isto é o quê, senão cobardia, falta de capacidade de diálogo e de ouvir críticas?




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