Parece-me que neste caso da rapariga que deitou o filho para o caixote do lixo se fazem muitas confusões.
Sim, é verdade que uma sociedade que deixa uma pessoa nesse estado de abandono em que a rapariga se viu, aos 22 anos a prostituir-se e sem casa, sem nada, tem de repensar-se. Pior ainda parece-me o abandono da criança a quem ninguém defende os direitos. Passam uma gravação da mãe a deitá-lo fora para que ele um dia mais tarde tenha acesso a esse acto lamentável e não lhe possa fugir? É que uma coisa é saber, outra é ver o acto. Depois ainda passam imagens do bebé naquele estado. A própria mãe também ficará presa a essa imagem de si mesma.
Agora, outra coisa diferente é, por sentirmos piedade da condição de uma rapariga tão jovem e já nessa vida de desespero, confundirmos isso com inocência. Aos 22 anos uma pessoa sabe que um bebé é um ser humano. Sabe que pode ir dá-lo à polícia, deixá-lo num hospital, numa igreja, sei lá, tem várias opções... agora, deitá-lo para o lixo, não o contentor normal mas aquele que tem uma pequeníssima abertura de onde é difícil tirar qualquer coisa... parece-me que denota um cálculo não inocente.
Sim, temos pena da mulher mas não vamos agora dizer que o acto dela é irrelevante do ponto de vista ético, porque não é.
Miséria de Estado, este que prende a mulher que abandonámos
Se os pressupostos da prisão preventiva não estão preenchidos – e não estão – a prisão é ilegal e miséria, miséria de Estado, este que prende uma mulher que abandonámos.
Temos pena mas essa mulher tem de ser responsabilizada! Tenho 20 ou 30 anos. Seja branca ou preta! Tenha casa ou não tenha! Um bebé não é um objecto descartável!
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