November 11, 2019

A experiência subjectiva do tempo




O tempo passa devagar para as crianças e os jovens porque para eles tudo é novo e em cada instante da vida, em cada experiência, há muitos estímulos para assimilar, muitos processos internos para modificar  até acomodar o estranho e torná-lo familiar. Também, quando somos mais novos, uma ano de vida é uma grande percentagem da totalidade da vida.
Quando ficamos mais velhos a maior parte das experiências e do próprio mundo já se tornou familiar e já só reparamos nos padrões que assimilamos rapidamente em esquemas há muito construídos.
No entanto, quando temos que lidar com situações novas, como viajar para um país novo, mudar de residência, de trabalho, etc., porque há uma necessária re-socialização, somos obrigados a atentar nos estímulos do novo ambiente e a modificar, ainda que ligeiramente, os esquemas interiores e isso faz retardar o tempo. É por isso que o tempo de férias passado em locais não familiares parece mais alongado do que se o passarmos no local onde habitamos.
Então, uma maneira de prolongar o tempo quando somos mais velhos é pormo-nos em situações novas ou aprender novas habilidades, enfim, desafiarmo-nos, para nos obrigarmos a retardar o processo cognitivo da assimilação/acomodação com novas conexões e a encher a memória de experiências novas.
Em certas situações a experiência interior é tão intensa e vívida que o tempo exterior não corresponde ao tempo interior, sendo este infinito em profundidade em comparação com o outro, infinito em extensão.

6 comments:

  1. Bem visto!
    Mas olha que, quando vou viajar para um sítio que não conheço, o tempo voa e, quando dou por isso, já estou no aeroporto de regresso. 🙄

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  2. lol, eu não. Quando vou para um sítio novo compro um livro sobre o sítio ou sobre zonas do sítio, de preferência um relato de viagem de alguém interessante ou de um historiador. Só o tempo que que gasto a ler e a antecipar os sítios dá-me logo um prazer demorado. Depois quando lá chego, como gosto de sentir a atmosfera dos sítios, o observar tudo parece que faz o tempo durar mais tempo. Às vezes levo um caderno para fazer um diário de viagem com impressões para não me esquecer do que pensei. Isso também leva tempo a fazer. Se vou a museus (o que é sempre) é como entrar noutro país dentro do país e o tempo que estou lá dentro parece dias. Quando fui ver o Pergamon sentei-me em frente da Porta de Ishtar e depois em frente da Porta do Mercado de Mileto e depois nas escadas do altar de Pergamon e em cada sítio fiquei a imaginar as pessoas e os filósofos nesses sítios. Ainda me lembro dessa impressão desses sítios. No Hermitage fiquei sozinha uma tarde inteira nas salas dos renascentistas que absolutamente adoro. Acho que tenho um bocadinho aquela doença das pessoas que t~em a sensação de entrar dentro dos quadros lol nas pinturas renascentistas de paisagens até sinto o cheiro daqueles florestas e passeio lá dentro. Isso tudo é muito tempo :)) E andar pelas ruas a gravar tudo na memória para depois poder recuperar.

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    1. Em relação aos museus é engraçado porque, dantes, se fosse preciso, passava um dia inteiro num.
      Agora não consigo! Por isso é que eu gostava de ir para uma cidade, como Florença, por exemplo, e deslocar-me as vezes que me apetecesse para ver os quadros que eu quisesse com toda a calma!

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  3. Gosto de programas mistos. Agora é difícil apanhar-me em certos sítios porque para viajar de avião mais de duas horas e meia tenho que levar injecções na barriga à ida e à volta por causa da doença. Só de pensar nisso...

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  4. É um olhar interessante!

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