E não têm que ser livros novos, podem ser velhos. Digo velhos e não antigos porque os livros antigos são mais para colecionadores e são muitas vezes caros mas os livros velhos estão cheios de maravilhas a bom preço.
Nem todos os livros têm de ser para estudar, alguns podem ser para passar, de modo interessante, os pequenos períodos de tempo vagos durante o dia.
Por exemplo, esta enciclopédia está cheia de curiosidades interessantes de ler e, desde logo, na maneira como está escrita, à laia de uma conversa, como era uso na viragem do século [o outro], sem o tom seco e áspero da linguagem científica que marca a escrita contemporânea. Introduz em nós um estado emocional de desaceleração e deleite na leitura.
É por isso que as enciclopédias contemporâneas já não se vendem em papel: porque existem apenas para informar e a informação que nelas encontramos, também a encontramos online, de modo mais célere e sem ocupar espaço; no entanto, estas enciclopédias e dicionários antigos são mais que instrumentos de informação, trazem pequenas jóias escondidas e dizem-nos, para além da informação sobre os assuntos e curiosidades, muito de quem as escreveu.
Trazem excertos de literatura, conselhos, aforismos, receitas, notícias da actualidade interpretadas pela ciência de então, etc.
É curioso ver que os quatro elementos gregos ainda aparecem numa enciclopédia do século XX
a diferença de efemeridade das rosas e o coração dos homens ser mais grande que o das mulheres... de notar que isto foi escrito por um grupo de homens, de modo que só lá para o fim é que resolvem dizer, em voz baixa, que o peso do coração é proporcional ao peso do corpo :))
o que pensavam do socialismo chinês no início do século XX
... um excerto de Lendas e Narrativas. Enfim, uma enciclopédia que pode abrir-se ao acaso, em qualquer página, a qualquer hora do dia, que tem sempre algo interessante para ler e nos deixar a pensar. O que mais se pode desejar de um livro para as pequenas horas vagas do dia?