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August 31, 2023

Poesia ao entardecer



ANJO DA NOITE

“Dá-me a ilha de Samos como brinde de noivado”
Bengierd

E sendo o ser todo ser
eu, vetusta ou jovem lusa,
dei o meu olhar de claridade
à vastidão única das brumas
e só no coração uma saudade
era de havidos campos,
campos quase não vistos,
ó enamorado de minha formosura.

Sombria ou ruiva foi a cabeleira
o pouso da coroa em garras.
Abutre no alvor da minha fronte
cravando unhas de diamantes
assim em disse que as mulheres
não deviam usar trajes escarlates.
Talvez dez dias e oito noites passassem
nas distantes florestas de Lorvão.

E o meu reino era cinzento em culpas,
o meu legado agouro e mal.
Ó enamorado da minha póstuma formosura,
por que de mim tão pouco sabes?

  - Deborah Brennand


The Evening Angel
by Alexandre Cabanel
1848

October 06, 2020

Poesia ao entardecer

 


Eppure mi va

Di vivere di un fiato

Di stendermi sopra al burrone

Di guardare giù

La vertigine non è

Paura di cadere

Ma voglia di volare


SamirFaber

October 03, 2020

Poesia ao entardecer 🍾

 




Sonnet 154. Se ele vai beber um Martini para comemorar o último soneto, eu, que tenho sido ouvinte fiel desde o 1º, vou ali abrir um champanhe 🍾 que está no frigorífico, para o acompanhar. Não tenho um smoking e estou de pijama porque estive a fazer a minha nova versão de exercício (improvisei uma pista de dança em forma infinita ∞ aqui em casa. Fiz uma playlist de músicas especiais e danço uma hora - estava farta da máquina e isto é mais divertido) e fui tomar banho. Mas vou pôr uns saltos altos 👠 só acompanhar o champanhe 🍸enquanto ouço o soneto. 
A soneto termina com a frase, "water cools not love".... ok... hence, champanhe 🙂


September 16, 2020

September 11, 2020

July 29, 2020

Poesia ao entardecer


O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas

Olhando para a direita e para a esquerda,

E de vez em quando olhando para trás...

E o que vejo a cada momento

É aquilo que nunca antes eu tinha visto,

E eu sei dar por isso muito bem...

Sei ter o pasmo essencial

Que tem uma criança se, ao nascer,

Reparasse que nascera deveras...

Sinto-me nascido a cada momento

Para a eterna novidade do Mundo...

 

Creio no Mundo como num malmequer,

Porque o vejo. Mas não penso nele

Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele

(Pensar é estar doente dos olhos)


(...)


Alberto Caeiro



Rhodochrosite Stalactites 
Andalgalá, Capillitas, Catamarca, Argentina

May 25, 2020

Poesia ao entardecer - Rosario Castellanos



Destino

Matamos lo que amamos. Lo demás
no ha estado vivo nunca.
Ninguno está tan cerca. A ningún otro hiere
un olvido, una ausencia, a veces menos.
Matamos lo que amamos. ¡Que cese esta asfixia
de respirar con un pulmón ajeno!
El aire no es bastante
para los dos. Y no basta la tierra
para los cuerpos juntos
y la ración de la esperanza es poca
y el dolor no se puede compartir.

El hombre es anima de soledades,
ciervo con una flecha en el ijar
que huye y se desangra.

Ah, pero el odio, su fijeza insomne
de pupilas de vidrio; su actitud
que es a la vez reposo y amenaza.

El ciervo va a beber y en el agua aparece
el reflejo del tigre.

El ciervo bebe el agua y la imagen. Se vuelve
-antes que lo devoren- (cómplice, fascinado)
igual a su enemigo.

Damos la vida sólo a lo que odiamos.

Rosario Castellanos

February 09, 2020

Poesia ao entardecer




Tantos vieram para quem estar vivo
foi ouro em que seu ferro converteram;
pelo dia chamados tantos eram
que como lençol negro a luz cobriam,
obscura multidão tal o vazio
lugar universal que biliões
de anos-luz levaria a percorrer,
nuvens de aves morrendo em sucessivo
quebrar do tempo nas escarpas gastas
da passagem; mas como atravessar
o vazio sem tempo, aquele que há-de
ser o tempo de todos? Tantos vieram
mudar seu ferro em erro, é de viver
e morrer que se trata, ferro em ferro.
Gastão Cruz

Fotografia: Jorgenovomurias - Instagram
Belém, Lisboa










via.Mar da Palha

January 12, 2020

Poesia ao entardecer



What you held in your hand,
what you counted and carefully saved,
all this must go so you know
how desolate the landscape can be
between the regions of kindness.

—Naomi Shihab Nye