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April 26, 2024

Integridade e respeito pelo povo? "Falta muito para cantar vitória"




Com tanta distração, praticamente ninguém reparou ou relevou, por exemplo, a circunstância de os três primeiros nomes da lista do PS terem sido candidatos eleitos nas últimas eleições legislativas. Ana Catarina Mendes foi a cabeça de lista no distrito de Setúbal e Francisco Assis no Porto. Marta Temido foi a quarta da lista de Lisboa. Foram candidatos no mês passado. Foram eleitos no mês passado. Tomaram posse no mês passado.

A sua candidatura ao Parlamento Europeu é uma enorme falta de respeito pelos portugueses, em especial pelos eleitores dos seus círculos. Das duas, uma: ou resolveram rasgar o mandato popular que lhes foi conferido, logo a seguir à eleição; ou, pior do que isso, já se candidataram à Assembleia da República sob reserva mental, sabendo que tinham a promessa do salto para a Europa.

Do ponto de vista da salvaguarda da crença dos portugueses no regime democrático, a decisão de um jornalista de vinte e tal anos mudar de vida para se sujeitar ao sufrágio universal (não para ir para assessor partidário, como outros jornalistas fazem depois de anos a revelarem a sua grotesca parcialidade nas redes sociais) é incomparavelmente menos grave do que a mercearia de lugares a que Mendes, Assis e Temido se dedicaram. Essa é que teria sido a grande notícia da semana, caso o jornalismo se tivesse interessado mais em olhar à sua volta do que para o próprio umbigo.

Portanto, se calhar o acordo 
[para presidente da AR] não foi só uma solução civilizada para salvar a face do PSD. Foi igualmente uma forma de salvar o plano de Francisco Assis para ir para o Parlamento Europeu.

Isso explica, de resto, que, segundo se sabe, não tenha ficado explícito que seria Assis o deputado que o PS indicaria daqui a dois anos para a Presidência da Assembleia. O que é bastante absurdo, se pensarmos que essa é uma eleição em que contam fundamentalmente as qualidades pessoais dos candidatos. Não é uma eleição entre partidos; é entre pessoas.

(...) havia o risco de Assis ser visto como um “mercenário” do PS (...)

Excertos de opiniao/publico de Francisco Mendes da Silva