O exame é muito mais fácil que o 1º. Tem, não uma, mas várias perguntas directas, do género, 'o que é isto' que me parecem não dever fazer parte de um teste de Filosofia, perguntas que apelam ao 'despejanso'.
Tem uma questão muito interessante, que obriga a pensar e a ter de seleccionar conteúdos diferentes e a articulá-los com coerência para responder. É uma questão complexa e interessante sobre a ciência.
A questão é esta:
"Muitas pessoas consideram que a objetividade é uma característica fundamental da ciência, mas também
há quem entenda que a ciência nem sempre é objetiva.
Será a ciência objetiva?
Na sua resposta, deve
− apresentar inequivocamente a sua posição;
− argumentar a favor da sua posição."
Não gosto da exigência do aluno ter de apresentar a sua posição. Parece-me anti-pedagógico esperar e muito menos requerer que alunos de 16 anos tenham posições firmadas sobre assuntos tão complexos, tão cedo na vida.
Para mim é um sinal contrário a uma atitude filosófica que é, penso, o objectivo do ensino da filosofia no secundário: não produzir pessoas cheias de opiniões formadas, mas sim formar pensadores, capazes de crítica objectiva e de revisão racional.
Parece-me mais pedagógico pedir ao aluno que problematize a questão e argumente uma das perspectivas ou as perspectivas possíveis. Uma pessoa que seja a favor de certa tese, tem de ser capaz de compreender e argumentar com objectividade, a tese oposta. É isso que torna possível o diálogo frutífero entre pessoas com pensamentos diferentes a viver em sociedades comuns.
O que é importante é que os alunos saiam das aulas de filosofia a compreender e saber argumentar as várias perspectivas sobre os problemas, mesmo que um dia tenham uma posição escolhida acerca deles. O que mais temos por aí são pessoas que têm posições firmes sobre cada e todos os assuntos, incapazes de pôr os óculos da perspectiva contrária e de considerar os problemas impessoalmente, de um ponto de vista universal.