November 29, 2025

"Os professores são indispensáveis mediadores culturais e humanos" - Tolentino de Mendonça




Tolentino de Mendonça partilha Prémio Eduardo Lourenço com a “classe dos professores em crise”

O cardeal e poeta falou da “precariedade nas condições de trabalho”, da “complexidade sempre maior dos requisitos burocráticos” e de “uma espécie de solidão social” que afectam tantos professores.

"Quando o investimento em educação não se realiza, é a qualificação da cidadania que diminui", declarou o cardeal, nesta quinta-feira, na Guarda 

O cardeal e poeta falou da “precariedade nas condições de trabalho”, da “complexidade sempre maior dos requisitos burocráticos” e de “uma espécie de solidão social” que afectam tantos professores.

"Diz-se hoje que são uma classe em crise e que perdeu o prestígio social que lhe estava associada. São preocupantes, em muitas partes do mundo, os indicadores do desgaste, desmotivação e burnout entre os professores", afirmou o cardeal José Tolentino de Mendonça que partilhou nesta quinta-feira o Prémio Eduardo Lourenço, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI), na Guarda, a essa "classe em crise", pelo seu "extraordinário contributo social e cultural".

O poeta e escritor falava após receber o galardão na sessão solene dos 826 anos da fundação da Guarda. Dizendo-se "muito grato" pelo prémio, considerou que o legado do pensador e mentor do CEI, Eduardo Lourenço, é "relevar o papel da Educação e da figura do professor".

José Tolentino de Mendonça disse que os professores se sentem "remetidos a uma precariedade nas condições de trabalho, perdidos na complexidade sempre maior dos requisitos burocráticos para o desenvolvimento das próprias funções, ou então apresentam-se feridos por uma espécie de solidão social". "É como se aquilo que tivessem para dar, hoje, valesse menos."

O prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação no Vaticano deixou um aviso: "A irrelevância dos professores é um alarme para as sociedades porque, quando o investimento em educação não se realiza, é a qualificação da cidadania que diminui."

E continuou: "Numa época de acelerada transformação, como a que vivemos, onde se inauguram tantas possibilidades, mas também tantas incógnitas, como o impacto da inteligência artificial, a omnipresença da tecnologia, a crescente incerteza e vulnerabilidade entre os jovens, precisamos de potenciar o papel dos professores como indispensáveis mediadores culturais e humanos."

Para Tolentino de Mendonça, o professor "não é uma profissão do passado, é uma missão indispensável ao futuro", porque é necessária a existência de "mestres e educadores, não só para encontrar respostas, mas para formular perguntas".


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