Rosas brancas em vez de cravos nos 50 anos do 25 de Novembro: Eanes já confirmou presença na cerimónia
Mudam as flores, e os lugares dos comunistas ficarão vazios
Os comunistas e outros da extrema-esquerda fazem passar a ideia de que o 25 de Novembro é um movimento fascista que quer competir e anular a importância do 25 de abril. Ora, é preciso dizer a verdade a quem não viveu esses tempos e apenas os conhece pelas Bonifácias do regime.
Logo nas eleições para a Constituinte, ainda em 1975, no dia 25 de abril, a data da revolução, o PCP levou uma banhada e ficou em choque.
A dimensão do choque é difícil de perceber nos dias de hoje mas naquele tempo, o PCP e os outros 580 partidos de extrema-esquerda ocupavam praticamente todo o espaço mediático e o espaço de rua, com manifestações, canções de auto-congratulação, programas infindáveis acerca da sua heroicidade revolucionária (sempre acompanhado de música revolucionária, 24hx24h), acerca dos fascistas a sanear, a caçar, a matar. Para se ir de qualquer terra a uma outra qualquer era necessário passar por piquetes revolucionários onde se era revistado e interrogado sempre com as armas apontadas. Estavam histéricos de poder e eram agressivos.
Só para dar uma ideia. Vim do Alentejo em Julho de 1975 para Lx depois de 5 meses de assédio dos comunistas (desde o dia 11 de Março) e do COPCON à minha família com ameaças e prisões e de uma noite inteira de julgamento popular à maneira soviética. No Liceu em Lx, a professora de Filosofia passava as aulas a dizer que agora todos íamos ser felizes, que nos países comunistas não havia pobreza, todos tinham tudo, que os comunistas iam tomar conta da nossa felicidade. As aulas eram isso. Por essa altura já tinha lido o Arquipélago de Gulag e já tinha sofrido na pele a 'felicidade' dos comunistas e do COPCON. Olhava para a mulher com incredulidade e pensava, 'a mulher é maluca e ignorante... mas não sabe o que se passa no país 100 quilómetros mais a sul?' Deixei de ir às aulas de Filosofia logo em Novembro e anulei a matrícula. Fiquei com uma péssima ideia da Filosofia.
Este era o clima permanente do quotidiano. Enfim, enquanto os comunistas e extremistas de esquerda revolucionários andavam nesta histeria a querer dominar toda a narrativa do que se passava no país, as forças contrárias ao PCP, encabeçadas, sobretudo, por Mário Soares, mas também por Sá Carneiro e pelo CDS que fazia uma oposição muito eficaz, aliada aos meios religiosos, incomodavam o senhor Cunhal e outros extremistas revolucionários no seu caminho para "o futuro radioso da humanidade." Havia «intentonas», como chamavam às tentativas de golpe de ambos os lados, todos os dias. Daí o 11 de Março.
Otelo estava no Forte do Alto do Duque, como um rei, a receber pessoas e a resolver os seus problemas de invejas e vinganças distribuindo mandatos de prisão em branco aos COPCONS para que prendessem quem quisessem sem acusação ou ordem de juiz. Chamava às suas forças, 'o 115 da revolução'. Fizeram-no general e o homem estava bêbedo de poder.
Ora, passado pouco mais de um mês do 11 de Março, as pessoas foram às eleições constituintes e deram uma banhada ao PCP e aos partidos da extrema-esquerda: o PS ficou com quase 40% dos votos e o PSD (então PPD) ficou a caminho dos 30%. Só os dois em conjunto tinham 65% do povo com eles. O PCP? 12%
É difícil agora imaginar o choque e incredulidade do PCP e outros mais à esquerda ao acordarem para a realidade dos portugueses não os quererem, nem mesmo com as metralhadoras do COPCON viradas para si e as ameaças constantes do governo, as perseguições políticas, os saneamentos, as prisões, etc. Não conseguiram intimidar o povo.
Foi o 11 de Março com a radicalização do PREC que reverteu o caminho do 25 de Abril e Otelo nem sequer o escondeu, disse-o e está gravado em várias entrevistas: se o povo português não percebe a bem e com a nossa explicação pedagógica (ele achava-.se o educador do povo em questões revolucionárias) que a ditadura do povo é o caminho, recorremos às armas, o que não podemos fazer é deixar que o 25 de Abril sofra uma contra-revolução às mãos dos fascistas - esta era a única linguagem que conheciam (e alguns ainda aí estão). Os fascistas eram o PS e o PSD (então PPD) porque o CDS era já o demónio salazarista.
A partir daí o governo do anormal-fanático do Vasco Gonçalves radicalizou-se ainda mais e o COPCON virou selvagem e foi piorando sempre até ao chamado Verão quente de 75.
Tudo porque recusaram aceitar o resultado das eleições. Otelo apoiou a distribuição de armas à populaça das brigadas revolucionárias.
Estávamos, nesse meses entre o Verão e o Outono, à beira de sermos transformados numa ditadura militar ao modo de Cuba. Otelo era mais a favor de uma ditadura cubana que soviética e foi a Cuba fazer uma formação e ver como é que Cuba tinha feito a sua ditadura revolucionária.
A hipótese de uma guerra civil era cada vez mais realista.
O 25 de Novembro foi o golpe -militar- que nos pôs novamente no caminho iniciado no 25 de Abril, garantiu que o país se mantinha num caminho de liberdade, fora das ditaduras extremistas dos adoradores dos soviéticos (sendo Cunhal o seu píncaro ainda tem hoje militantes desse erro) e dos adoradores de Castro.
Devemos, sobretudo a Mario Soares e depois a Ramalho Eanes, uma transição de um sistema de governos semi-militares com tendência ditatorial crescente, para um sistema de governação plenamente civil e democrático. Houve outros intervenientes importantes como o Grupo dos 9, que foi tirando poder a Otelo, mas são estes dois, em particular, quem teve uma acção decisiva.
Um deles ainda está vivo e acho bem que o homenageiem. Devemos-lhe.
Portanto, o 25 de Novembro é uma data a comemorar. Compreendo que os comunistas não gostem dela porque furou os seus planos de implementar aqui uma ditadura castrista ou soviética mas, os portugueses gostaram, e fizeram-no saber passados 5 meses, nas eleições de 1976:
O PS voltou a ganhar com quase 35% dos votos; o PSD voltou a ficar em 2º lugar com quase 25% dos votos e o CDS ficou em 3º lugar!! com quase 16% dos votos. Estes 3 partidos têm o voto de 75% dos portugueses.

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