Há crianças que chegam ao 1.º ano sem saber segurar bem no lápis. É verdade. Mas antes de apontar o dedo aos educadores de infância, como ouvi, convém olhar para os verdadeiros responsáveis por este fenómeno: as mudanças profundas no estilo de vida das crianças, a crescente permissividade parental e o abuso de ecrãs desde idades ridiculamente precoces.
Vamos aos factos…
Nunca tivemos tantas crianças com dificuldades em agarrar, recortar, desenhar ou regular a força da mão.
E nunca tivemos tantas crianças a passar horas coladas a tablets e telemóveis, com o polegar a deslizar para cima antes sequer de conseguirem usar bem os dedos em pinça.
A motricidade fina, aquela que permite segurar um lápis com precisão, não nasce por magia!
Constrói-se.
E constrói-se com plasticina, com blocos, com areia, com tesouras, com legos, com barro…
Constrói-se com corpo, com tempo, com liberdade e com frustração. Tudo aquilo que muitos pais (bem-intencionados, mas permissivos) estão a evitar,… porque “dá trabalho “, ou o “menino não quer”.
Hoje temos pais que preferem dar um tablet para “acalmar”, em vez de dar uma caixa de lápis.
Temos casas onde a criança manda mais do que experimenta. Onde brincar no chão suja, e por isso não se faz.
Alfredo Leite
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