Este senhor, penso que seja o Presidente do Politécnico de Bragança, vem aqui defender o miserabilismo por questões económicas.
Diz ele que o ME "vedou" o acesso dos alunos ao Ensino Superior com a brutalidade de os alunos terem de fazer dois exames! (Oh, meu Deus! Será que vamos ter ambulâncias à porta das escolas não vá os alunos desmaiarem do esforço de fazer dois exames?) E chama-lhe uma regressão civilizacional. Se não fosse ridículo era só patético.
O ensino tal como está já anda pelas ruas da amargura, de tão pouco exigente que é ao ponto de os alunos poderem ir para o secundário para um curso científico sem nunca no seu percurso académico terem tido uma única positiva a matemática, mas este senhor acha que esses alunos, querendo ir para a faculdade, pois devem ir, para não regredirem civilizacionalmente.
E defende que devemos confiar nos professores das escolas. Só que isto não tem que ver com confiança nos professores, quer dizer, não tem que ver com haver professores que 'aldrabam notas' para os alunos passarem ou terem grande médias - embora isso aconteça por pressão dos pais e do ME.
Não. A questão tem que ver com critérios de qualidade. O que um professor considera exigência, outro considera laxismo, de maneira que ter 16 com um desses professores e com outro, quer dizer conhecimentos e competências muito diferentes. Essa diferença de critérios de exigência é muito clara nos conselhos de turma e pouco se pode fazer porque tem que ver com a diferença entre pessoas, com a formação profissional, com a exigência que os professores têm para consigo mesmos e com a dinâmica de exigência ou laxismo que as direcções imprimem à escola.
Mas, um mesmo professor com uma turma muito boa e uma turma muito má, tem critérios diferentes, porque na turma muito boa tudo é mais exigente e na turma muito má tudo é mais soft, sob pena destes alunos não conseguirem fazer nada. Claro que esse professor não atribui grandes notas na turma muito má porque os alunos fazem grande esforço para conseguirem os mínimos, mas atribui classificações de 10 ou 12, que na turma muito boa, não passavam de um 7 ou de um 8. Este é um problema sem solução, porque apesar de querermos que todos dêem o máximo, o máximo de uns é o mínimo de outros e temos que adaptar o ensino aos alunos que temos pela frente.
Portanto, os exames são muito importantes, porque não levam em conta estes factores e são cegos, para que se saiba o nível de conhecimentos e competência dos alunos. Se eles não existirem, estaremos a deitar fora os bons alunos, a impedir que se revelem e a correr o risco de tomar milhares de nuvens por Juno..
Aliás, quem quer um trabalhador que não foi capaz de fazer uma porcaria de um exame?
Estas mentalidades de miserabilismo por questões económicas, podem servir os politécnicos e universidades que querem é propinas e licenciam todos porque querem é alunos a pagar as propinas do mestrado, mas não serve os alunos nem o país.
Por opção política vedou-se o acesso ao ensino superior a mais de 6000 jovens. Porquê? Ninguém sabe
Orlando Rodrigues
(...)
Por que razão se implementa uma medida que, à partida, se sabia excluir milhares de jovens do ensino superior? Precisamente quando o país necessita mais e melhores qualificações?
(...)
Confiar menos nos professores e na escola secundária e mais em exames nacionais é a solução? Não, obviamente.Os exames nacionais são importantes por estabelecerem um referencial comum. Devem ser usados, sobretudo, pelas escolas para aferirem e ajustarem as suas estratégias educativas. Mas devem ser usados com moderação.
Desconfiar das escolas, valorizar apenas o trabalho individual e o treino para responder a exames é uma regressão civilizacional.
Desconfiar das escolas, valorizar apenas o trabalho individual e o treino para responder a exames é uma regressão civilizacional.
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