July 02, 2025

O começo



Otto Greiner (1869 - 1916) - Prometheus, 1909
National Gallery of Canada

Prometeu, sentado numa rocha, agarra com firmeza o corpo do homem que acabou de moldar em barro, à sua imagem, enquanto aguarda, numa paisagem desolada, a chegada de Psiqué, que lhe dará vida.

Psiqué terá chegado atrasada para o trabalho porque a pedra em que Prometeu se senta já criou musgo. Um deles, ou os dois, fizeram o trabalho distraídos, dado o resultado.

A Psiqué deu ao homem uma vida criada à sua imagem, com luz e sombras. As sombras da Psiqué, aquilo a que Jung chamava shadow, é a parte inconsciente da personalidade, aquela parte socialmente inaceitável e punível onde residem, parcialmente ocultos, os impulsos de poder, crueldade, agressão, sexo, etc. A Sombra está escondida em nós atrás de uma cortina de sociabilidade, educada desde a infância.

Segundo Jung, para sermos psiquicamente saudáveis, precisamos de mergulhar na nossa Sombra, reconhecê-la e aos seus impulsos e aceitá-los como sendo parte de nós, o que exige coragem moral. 

Mesmo que não integremos no nosso consciente a nossa Sombra, ela continua a ser uma parte de nós que escapa à prisão em que está, quer queiramos quer não e se manifesta no nosso comportamento.
Continuamos a atribuir ao outro todas as qualidades más e inferiores que não gostamos de reconhecer em nós próprios, e por isso temos de o criticar e atacar, quando tudo o que aconteceu foi que uma ‘alma’ inferior emigrou de uma pessoa para outra.
   - Carl Jung, Civilization in Transition
Quanto mais a nossa psiqué difere da imagem idealizada de nós mais difícil é reconhecer a sua Sombra em nós.



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