Toda a aplicação técnica e tecnológica deriva da Ciência Fundamental. A Ciência Fundamental é o corpo de teorias e evidências a partir do qual as práticas se desenvolvem como aplicação daqueles princípios e conhecimentos teóricos.
Uma vacina, tal como um satélite, são ideias e teorias científicas materializadas, tornadas objectos materiais. Cada uma delas tem por detrás uma série de teorias fundamentais, seja sobre a fisiologia humana, no caso da vacina e, no caso do satélite, sobre a física, a geofísica, a engenharia aeroespacial, a engenharia dos materiais, etc.
Se queremos evolução nas técnicas e tecnologias, temos que querer a evolução da Ciência Fundamental a partir das quais se desenvolvem. Ora, isso não se coaduna com o sub-financiamento da investigação em Ciência Fundamental e o seu sacrifício pela obsessão com a produtividade e a competitividade imediatas.
A história de uma das investigadoras que ganharam o prémio Nobel da Medicina (foram 2), pelas descobertas sobre modificações de bases de nucleósidos que permitiram o desenvolvimento de vacinas de RNA-mensageiro (mRNA) eficazes contra a covid-19 e levaram à possibilidade de construir a vacina do Covid-19 em tão pouco tempo, é elucidativa.
(Repare-se que o prémio não foi para a construção da própria vacina mas para os conhecimentos fundamentais que tornaram possível a construção da vacina.)
Katalin Karikó, uma investigadora nascida na Hungria e que, entre 1989 e 2013, foi professora auxiliar na Universidade da Pensilvânia. Karikó foi despromovida, viu o seu salário reduzido e foi forçada a reformar-se, por falta de competitividade e de capacidade para atrair financiamento. Foi juntar-se à BioNTech, a empresa que juntamente com a Pfizer desenvolveu uma das vacinas para a covid-19. (Público)
No comments:
Post a Comment