June 09, 2025

O substrato em que os ditadores e os terroristas crescem importa

 


Hitler cresceu porque havia uma multidão de alemães ressentidos e pobres que o ergueram como instrumento pragmático de vingança; Putin cresceu porque há uma massa imensa de russos que o admira e o quer como uma imaginária vingança contra imaginários inimigos de um imaginário império que há muito deixou de existir. A fama da Rússia ser invencível cresceu de um imaginário que os russos alimentam acerca de si mesmos, para dentro e para fora; Putin invadiu a Geórgia, a Chechénia e outros países porque essa população tinha interiorizado a narrativa imaginária da sua invencibilidade e não opôs quase resistência. Os europeus e americanos engoliram essa fantasia russa e não reagiram,. Trump é um tolo que engoliu todo o vómito dos russos. Os russos esbarraram na Ucrânia porque ela não tem essa narrativa imaginária e não sustentou nunca a formidabilidade da Rússia ou de Putin. Vivem paredes meias com eles e conhecem-os de perto. Trump cresce nos EUA porque há um imenso oceano de MAGAs que o acham genial e marcado pela mão divina. Os regimes islamitas crescem no Ocidente porque há um imenso oceano de esquerdistas por esse mundo europeu que fazem equivaler os islamitas à defesa de liberdade, contra todas as evidências diárias, aos milhares de casos, de serem pessoas com uma religião declarada e explicitamente colonialista, ferozmente contra os direitos humanos, contra a paz sem submissão, contra os valores democráticos, contra as mulheres, contra os gays e contra tudo o que não implique violência e submissão pela força, que mantém prisões e execuções sumárias sem julgamento e outras barbaridades da lei da sharia, uma invenção para escravizar pessoas, sobretudo mulheres. O único país em todo o Médio Oriente que é uma democracia é Israel. Xi Jinping cresceu a sua mão de ferro porque os chineses o admiram. Ele vomitou uma narrativa de seriedade, probidade e defesa do povo que os chineses admiram sem crítica. Toda esta gente e muitos outros afins crescem no silêncio de uns e na admiração da maioria que os promove, elege, defende e alimenta por razões egoístas ou de ideologia ou simplesmente de dinheiro envolvido. 

A Europa já acordou, finalmente, desta fantasia, mas tem de pôr mãos à obra, se quer, e acho que quer, manter-se como um local de cooperação em liberdade e respeito pelos direitos humanos.


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