Esta entrevista enorme a João César das Neves não tem interesse nenhum mas quem a quiser ler na íntegra siga o link no fim do post. É um queixume interminável a chamar tontos a todos e a culpar médicos e professores como sendo os verdadeiros donos do país que o levam à estagnação -os sindicatos que defendem os direitos dos trabalhadores são o demónio- sendo que os patrões é que são bonzinhos e cuidariam dos interesses verdadeiros dos trabalhadores porque criavam muita riqueza que ia cair em cima dos trabalhadores - nos EUA isso é óbvio.... Como é que estas pessoas chegam a professores universitários?
‘A cultura portuguesa não é muito favorável ao patrão ou ao investidor’
César das Neves diz que os portugueses querem salários, mas não se preocupam com a produtividade que é fundamental para aumentar valores. E acusa: ‘Os que estão a lutar pelos direitos dos trabalhadores estão-lhes a estragar a vida’.
João César das Neves, professor de Economia da Universidade Católica, lamenta que o país esteja paralisado e que não discuta temas importantes para melhorar o crescimento económico. Fala ainda do PRR, considerando o programa como uma oportunidade perdida, assim como de dossiês que se vão arrastando há anos como o novo aeroporto. E faz um desafio: abandonar a fantasia pagã e adotar o realismo cristão.
Como vê a situação da economia portuguesa?
Temos um país que está pacificado e a generalidade das pessoas está de acordo quanto ao essencial.
Estamos mentalizados?
O grande dinamismo e a grande transformação cria tensões e há pessoas que ficam de fora. Não faz sentido falarmos em mediocridade, mas há uma certa modorra: o investimento é baixo, o crédito é essencialmente para a habitação ou para o consumo. Não há grande criatividade tecnológica, nem financeira e toda a atenção está centrada nas corporações que dominam o sistema. Basta ouvir a campanha eleitoral que iremos agora assistir para percebermos que está tudo centrado nos pensionistas, nos médicos, nos professores que não são ladrões, nem são corruptos. Não vale a pena demonizar essas entidades, mas têm mais poder do que deviam e conseguem estrangular o dinamismo.
Porque dão mais votos…
Claramente e controlam praticamente tudo: da extrema-esquerda à extrema-direita. Temas como produtividade, competitividade, investimento, empresariado não têm lugar, não têm interesse, não ganham votos. E a cultura portuguesa também não é muito favorável ao patrão ou ao investidor, queremos salários, mas sem produtividade porque a produtividade é o capital e o capital é uma coisa horrível. Como se essas duas coisas não estivessem ligadas.
Os diagnósticos estão feitos, mas nada é feito. É falta de ambição?
Não é um problema de diagnósticos. Já estamos fartos disso. É uma coisa que tem acontecido ao longo da história de Portugal, em que o país está pacificado, está instalado, não levando ao dinamismo. Os outros países passam-nos ao lado, estão todos a crescer mais depressa e, embora estejamos neste cantinho mais ou menos pacífico, as ameaças estão a subir em todo o lado e é preciso pagar com crescimento económico mais acelerado, com mais competitividade, com mais produtividade. Culturalmente achamos que o negócio é insulto. Temos agora cartazes na campanha eleitoral a dizer: ‘A saúde não é negócio’. É melhor ser o Estado a prestar esse serviço? E vai tirar dinheiro a quem?
O Estado não é rico…
Exatamente. Certamente vai tirar dinheiro aos negócios, o que não faz sentido. Mais uma vez, não digo que a economia é um desastre, conseguiu um avanço extraordinário, mas é um bocadinho desanimante ver a tolice disto tudo porque os que estão a lutar pelos direitos dos trabalhadores estão a estragar a vida aos trabalhadores. Os trabalhadores dos outros países estão muito melhores do que os nossos e não têm os direitos que alegadamente temos. Os principais inimigos dos trabalhadores são aqueles que andam a dar cabo da Segurança Social porque não a tornam sustentável, porque andam a subir o salário mínimo e a estrangular as empresas que depois não conseguem pagar esses valores. São erros de palmatória, qualquer pessoa e não precisa ser formada em economia com o mínimo de pés e cabeça percebe que não é possível ter salários sem ter investimento.
Mas até lá, as tais reformas necessárias vão sendo adiadas…
Isso é indiscutível, mas não foi possível fazer porque o partido que estava no poder queria, mas o que estava na oposição não e bloqueava e quando mudava o partido no Governo, a história repetia-se. Esta tolice criou o tripartidarismo que não sei quanto tempo vai durar.
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