February 25, 2025

Esta notícia sobre as escolas está toda mal contada e em vez de informar, desinforma

 

Quase metade das escolas tem menos de 15 alunos? Certamente estão a falar de escolas do interior profundo. Escolas básicas de vilas e aldeias e escolas secundárias também de cidades do interior. Esta discussão já existiu em tempos, quando se fechou a maioria das escolas do interior e se agrupou os alunos em escolas das maiores cidades. O que aconteceu foi que alunos do interior passaram a ter que percorrer muitos quilómetros para chegar à escola e escolas das grandes cidades passaram a estar sobrelotadas. A notícia só fala das escolas do interior e passa uma esponja por cima das escolas com 1500 ou mais alunos, com turmas no limite ou acima, que são comums nas grandes cidades. É claro que se fazem média a contar com essas escolas de Rio de Onor com 10 alunos, depois a média nacional de alunos por turma é baixíssima. Mas essa maneira de abordar o problema, nem é honesta, nem resolve a falta de professores.  Em aldeias e vilas do país, ter uma escola a funcionar é uma maneira de ter uma série de serviços enraizados ali nas terras: onde há crianças e adolescentes tem de haver serviços de saúde e outros. Se todos se vão dali e só lá ficam velhos, o país morre. O problema das escolas é um problema mais vasto que apenas fazer contas de somar e dividir para poupar dinheiro. Isso foi o que foi feito no passado, por Nuno Crato e trouxe-nos onde estamos hoje. Quanto às aulas serem de 50m em vez de 45m, isso retira quase meia hora por semana ao tempo curricular da disciplina e impossibilita cumprir programas. E também não é verdade, como se diz, que temos mais férias que os outros países: temos mais tempo de férias no Verão que muitos países, mas não temos férias de neve como tantos têm em Fevereiroe e alguns ainda somam mais tempo de férias em Outubro. Se virmos aqui a comparação (não estão os países mais a Norte que têm mais férias no Inverno por conta do tempo) vemos que temos as mesmas férias, ou menos, que os países do Sul. Países como a Alemanha ou a Itália ou a França, que têm zonas quentes e zonas de neve, têm férias diferentes consoante as escolas estão no Sul ou no Norte. Portanto, esta notícia é enganadora porque não informa devidamente e até mistura escolas com cursos: depois de dizer que há escolas com poucos alunos diz que no secundário é alarmante por há cursos profissionais que nem 15 alunos têm. Uma área de estudos não é uma escola, é uma oferta de escola. Há escolas profissionais que têm 15 alunos por turma? Onde são essas escolas? E de que cursos estamos a falar, porque a maioria dos cursos profissionais não são teóricos, implicam equipamentos que são limitados e não podem ter 30 alunos a usá-los ao mesmo tempo. Está tudo mal contado e não explicado. O que me parece é que a notícia tem como fim dizer que afinal não há falta de professores, o que há e professores com alunos a menos e que a educação deve continuar a ser um campo de desinvestimento público. Pergunto-me: quem é que quer muito continuar a destruição do ensino público? E para quê? Para privatizá-lo? 



40% das escolas de Portugal continental têm menos de 15 alunos

Estudo do EDULOG conclui que a ineficiência na gestão dos recursos humanos pode estar na origem de uma maior necessidade de professores.


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