January 03, 2025

Pôr as coisas em perspectiva - não, os políticos, na sua esmagadora maioria, não ganham mal




David Dinis: “É uma ironia que os portugueses achem que os políticos são maus mas não queiram pagar melhor para ter melhores políticos”

Expresso

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Os políticos são uma minoria de funcionários públicos muito diferente das centenas milhar que constituem a maioria. Os políticos são funcionários públicos que recebem, em cima do salário, ajudas para todas as deslocações; outros subsídios chamados de representação; ajudas e crédito especial para compra de casa; automóvel, motorista e combustível gratuitos; secretários, assistentes, etc. Tudo isso, que é bastante, é acrescentado ao salário. Acrescenta-se a isso todos aqueles favores e prebendas, menores ou maiores que recebem, por esta e aquela razão... A maioria dos políticos, quando sai dos cargo, progride muito na vida, em termos de emprego e salário. É de tal maneira que hoje em dia se diz que o melhor emprego é ex-político e, entre esses, ex-ministro e ex-deputado estão no topo.

Portanto, não é verdade que os políticos ganhem mal como dizem. Talvez ganhem mal quando comparados com os políticos de outros países europeus, mas isso é válido para a quase totalidade dos portugueses que trabalham. Os políticos nem sequer podem dizer que têm mais formação, quer dizer, que estudaram mais que os outros. Uns sim e outros não. Aliás, nos dias que correm, cada vez mais o que conta para se ser político é estar matriculado num partido e ter aí os conhecimentos certos.

Os políticos podem fazer um péssimo trabalho que são à mesma condecorados, recebem louvores e promoções no Diário da República e resvalam para outro posto público para fazer o mesmo. Isto acontece, não porque sejam competentes mas porque se tornam profissionais em ficar sempre sentados na cadeira quando cessa a música. Controlam os meios de comunicação social para se promoverem e calarem os opositores e cobrem-se uns aos outros nesta dança. 

Se formos ver os políticos que nos têm liderado, vemos que a maioria fez um péssimo trabalho e destruiu mais que construiu: na administração local, na educação, na saúde, na justiça, nos serviços públicos, na administração interna, etc. Estamos cheios de problemas graves devido aos políticos terem feito muito mal o seu trabalho. Nestes casos, que são a maioria, os políticos receberam muito acima do que deviam, face ao que fizeram. Veja-se o caso exemplar de Costa que tanto mal fez a todos aqueles serviços acima citados e, no entanto, aí está ele promovido a Presidente do Conselho Europeu, depois de ter sido condecorado com o mesmo prémio de liberdade que deram a Nelson Mandela.

Por conseguinte, haverá pessoas que já terão dado provas, no seu percurso profissional, de serem extremamente competentes e eficazes. Essas, sim, deviam ser muito bem pagas, para irem fazer bom serviço em cargos públicos onde o desgaste e a exposição são brutais, mas sabemos que essas pessoas são uma pequeníssima minoria. De maneira que, subir o salário a todos os políticos que andam por aí a parasitar em cargos que alguém amigo lhes deu, como se isso, por milagre, os tornasse competentes, é pensamento mágico e um péssimo precedente.

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